Eladir Albertini (*)
A chuva que recria
Cai a chuva
Molha a terra
Molha a alma
Molha a serra
Os jardins, as flores, os ninhos
As estradas, os caminhos
Desce as encostas
Vai nos leitos dos rios
Enche os lagos
Sem vida, vazios
Lava o mundo
O coração imundo
Dos homens sem fé
Ah! Se a chuva pudesse
Lavar o orgulho dos poderosos
E transformar
Os humilhados em corajosos
Os preconceitos em direitos
As falsas leis em justiça
Desesperanças em esperanças
O ódio em amor, secar feridas
e amenizar a dor
As raças não separariam os homens
Porque seus olhos se cruzariam na compreensão
E todos seriam donos de seus próprios pés e mãos
Dos seus pensamentos e do seu coração
E nos tornaríamos senhores de nós mesmos
E nossos filhos não cresceriam na angústia do futuro
Viveríamos em paz, na certeza do presente
Com o peito pleno de amor
Não seríamos carentes
Mas árvores fortes e úteis
Que crescem e dão sementes
Para perpetuar o verde e a vida… o futuro no presente
Se a chuva pudesse lavar os sentimentos
Tornar puras as intenções e os pensamentos
Ressurgiria a criação, tal como foi criada
Abençoada,
Virtuosa, leal
À semelhança de um Deus do Bem
Que rejeita a violência e todo Mal
De coração farto e generoso
Um Deus misericordioso
Criador de uma obra única e singular
Um animal que sabe pensar, se emocionar e amar
“E a criação voltaria a ser à imagem e semelhança desta perfeição
O Deus do Amor e da União”.
(*) É Pedagoga e Colaboradora do JA.