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Veracidade

Vera Botta (*)

Dia das mães: não existe amor por decreto

Não adianta repetir o decantado “Ser mãe é sofrer no paraíso” e depois se perder nas lamúrias do trabalho e das incompreensões dos filhos…Ser amada como mãe ou amar por ser mãe não são deveres do ofício. O que é ser uma boa mãe? O que é ser um (a) bom filho (a)? Sem modelos prontos de relações perfeitas, vamos aos fatos e aos sentimentos deste dia especial muitas vezes sufocados pelos apelos comerciais.

Há um melhor caminho para ser mãe?

Quantas vezes nos fizemos esta pergunta…que nos pôs e nos põe entre a cruz e a espada. E quantas foram nossas urgências e atropelos diante de sofrimentos ou dificuldades que gostaríamos de poupar aos nossos filhos? Numa ânsia louca de suprir, de adivinhar, de fazê-los felizes. Deveras, o que são os deveres das mães?

Começaria dizendo que é absolutamente necessário deixar aberta a porta dos diálogos não convencionais, com hora marcada, com gestos estudados… Dever de mãe até pode ser tema de encenação teatral. Mas, estamos na rota do diálogo franco, sem hipocrisias, sem ensaios, regras e contra-regras…

Preparar alguém para viver – e esse não é um dos principais deveres das mães? – não é ter frases prontas para tudo o que se apresentar no cotidiano, seja em relação à profissão, à escola, ao amor…

O difícil desafio de ser gente

Será possível, com carinho e afeto mostrar aos nossos filhos e ao mundo que ser mãe, é também ser mulher? Há uma cobrança muito cerrada nos deveres de ser mãe…fácil passagem para a instalação de medos, de culpas, de auto-punições. Entretanto é possível não deixar a castração ser o fio condutor de nossas vidas. Como mães, rimos, choramos, aceitamos, erramos, temos medos, desejos que podemos perfeitamente harmonizar com o inigualável sentimento de ser mãe. Sem medo de ser feliz…

Mãe não é profissão…

Nem de esperança, nem de desesperança. Não é a casa, a conta bancária, nem mesmo o estudo que vai nos dar certificados de garantia de que somos boas mães.

Talvez valha mais o que lhe passamos, sem nem mesmo falar. Não bastam palavras escolhidas ou manifestos, não basta o entusiasmo esfuziante das noites de Natal ou das festas de aniversários. Mais do que palavras, falam em nós gestos, olhares, a química que exalamos, a vontade de deixar sempre aberto o coração para o afago, para a cumplicidade. O amor de mãe é diariamente novo. Muito mais profundo do que todas as comemorações, singelas ou sofisticadas deste dia que, por mais que se queira não é inteiramente comercial.

O que querem as mulheres-mães?

Não basta um dia. Não se contentam em aparecer, sob forma de corações vermelhos pulsando em vitrines e nos mais diferentes tipos de marketing, como expressão do amor. Flores, versos, presentinhos, cartões musicais ou bilhetinhos escritos em papel de pão são sempre bem vindos… Mas, acima de tudo, as mães querem ser ouvidas!

E o que dizem suas vozes?

Querem segurança para melhor enfrentar a violência que perpassa o campo doméstico e chega às ruas, ameaçando a vida de seus filhos. Querem programas nas escolas, baseados em ações preventivas e educativas continuadas. Querem ser ouvidas em suas carências e necessidades. Querem ver o Primeiro Emprego implantado, para que seus filhos não fiquem ao Deus dará, sem acreditar no futuro. Querem ter chances de matriculá-los em cursos de capacitação profissional. Querem ver seus filhos longe dos apelos das drogas. Querem ter o direito de trabalhar e de dizer-lhes que cooperar, plantar e colher frutos, sem as mazelas do individualismo desenfreado são possíveis. O sentimento sublime que nos faz mães nos arma de coragem e até de rebeldia para defender direitos.

As mães dos filhos-problema amam menos?

As mães dos filhos que não conseguem sair do circuito das drogas, as mães que sofrem diante dos “nãos” dirigidos aos seus filhos que tentam caminhos de ressocialização, certamente não os amam menos. Não dá para medir amor de mãe!!! Mas, com certeza, estas mães querem muito mais do que olhares críticos ou de piedade. Querem convencer os poderes da importância de se mexer em “feridas”. Querem transformar sua declaração de amor pelos filhos em atos de vontade política pela sua recuperação!

Uma pausa… Não posso, mais uma vez, deixar de repetir que Gustavo, meu filho, tem me mostrado, nos momentos alegres e difíceis que ser mãe é o sentimento que me faz mais inteira. Um dia, quando ele me agradeceu por tê-lo criado independente, sem meias verdades, não fiz questão de esconder as lágrimas. Afinal, o amor de mãe nos faz sonhar, chorar, rir e gostar da vida. A todas as mães de nossa Morada, de sangue, de adoção, meu abraço carinhoso. Com muita solidariedade e vontade de que possamos juntas mostrar que ser mãe vale a pena. Boa semana a todos! Até a próxima!

(*) É pesquisadora da Uniara e vereadora pelo PT.

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