De mãe para mães
Vera Botta
“Mãe é uma só.” “Mães são para sempre.” “Em coração de mãe, sempre cabe mais um.” “Ser mãe é sofrer no paraíso.” “Tem sempre lugar para mais amor.” Ditados populares. Reflexões que fazem fervilhar nossas cabeças… E quantas perguntas não nos fazemos na condição de mães? Será que estou cuidando bem da educação do meu filho? Será que estou certa? Será que estou errada? Será que o fato de trabalhar fora de casa prejudica sua formação? Como dizer não aos filhos? Perguntas que nos fazemos diariamente, independentemente de sermos mães de bebês ou de adultos.
Perguntas que não impedem que o sentimento de ser mãe, inigualável, nos leve a cultivar o amor cotidianamente. E o amor de mãe é diariamente novo! Muito mais profundo do que a própria comemoração do Dia das Mães.
Um momento de celebração
O Dia das Mães nasceu de uma luta para fortalecer laços familiares e o respeito pelos pais. Da promessa de uma jovem Anna Jarvis que viu seu sonho realizar-se em 1910 e passou toda a vida lutando para que as pessoas reconhecessem a importância das mães. No Brasil chegou um pouco mais tarde, em 1918.
E o que é o respeito às mães?
Flores, versos, presentes, mensagens, cartões sofisticados ou bilhetinhos escritos em papel de pão são sempre bem vindos. E que não gosta de ser lembrada? Não apenas em um dia. Afinal, como transformar esta justa homenagem, objeto de uma bem cuidada e sedutora embalagem comercial em uma marca de respeito?
Penso em homenagear as mães/mulheres de minha terra, debruçando-me sobre suas necessidades, convidando os poderes a pensarem nos presentes que poderiam, de fato, tornar este dia em uma marca de respeito e de solidariedade.
O que querem as mães de nossa Morada?
Querem trabalho para si e para seus filhos. É cada vez maior a demanda de mães, especialmente as de mais de 40 anos a um lugar profissional. E é possível arrumar emprego depois dos 40 anos? A idade é, sem dúvidas, um fator de discriminação. Em algumas cidades, o programa Começar de Novo tem obtido bons resultados na reinserção sócio-econômica de mulheres e homens desempregados com idade igual ou superior a 40 anos de famílias de baixa renda. Como? Além de um pequeno auxílio em dinheiro, o programa estimula a capacitação profissional, mesmo porque, sem formação, não há como pleitear um lugar ao sol. Começar de novo não estimula o clientelismo? Não, porque o beneficiário assume compromissos e o auxílio pecuniário é só pelo prazo de 6 meses.
E o que as mães querem para seus filhos?
Em nosso gabinete, conversamos diariamente com muitas mães. Nesta semana, em uma pequena sondagem sobre os presentes que as mães gostariam de receber, os resultados não deixam dúvidas. As mães querem que seus filhos tenham a oportunidade do primeiro emprego, que não lhes sejam fechadas as portas por não terem experiência profissional anterior. Querem que o programa Jovem Cidadão, implantado em nossa cidade, tenha continuidade em circuito ampliado. Que seus filhos possam ter o direito a ser cidadãos de bem, sem ficar vagando “ao Deus dará”.
E como presentear as mães trabalhadoras?
Enfrentando a profunda desigualdade salarial que ainda cria fronteiras e injustiças. Além dos números, há a violência da exploração que fica muitas vezes escondida nos medos e ansiedades que as cifras não revelam. E nossas servidoras municipais? Neste momento especial querem ver respeitados os direitos da data-base. Querem o Plano de Cargos. Carreira e Salários em ação. Querem ver seus esforços de qualificação e reciclagem reconhecidos. Querem que o plano apresentado no último dia 6 seja, de fato, uma realidade bem próxima. Sem ilusões ou maquiagens.
E as mães dos filhos-problema?
Como se sentem as mães de filhos que não conseguem sair do círculo das drogas? E as mães de portadores de deficiências? Com certeza, o amor não é menor. No entanto, estas mães querem muito mais do que olhares de crítica ou de piedade. Querem, sem olhares preconceituosos, expressar suas necessidades, recuperar sua auto-estima e passar aos poderes a importância de se ter coragem de se mexer em “feridas”. Afinal, trata-se de defender os frutos de seu amor maior, seus filhos.
E os olhares de nossas mães-mulheres se iluminam diante da perspectiva de ter, neste 11 de maio, a expressão de um pacto de ação efetiva e afetiva. Querem um Dia das Mães diferente. De muito afago, de muito afeto, mas igualmente de compromissos. Que seja um momento de alegria redobrada, coroado pela energia de nosso sol e pela possibilidade de ver nossos filhos felizes. Bate coração, bate forte.
Às mães da minha terra querida, meu abraço solidário. Que possamos, de alma e de coração, ter um verdadeiro Dia das Mães. Na próxima semana, a Coluna retoma a rotina da Câmara. Sem paletó. Com ética. Ufa! Como é difícil! Até mais!
(*) É vereadora pelo PT e pesquisadora da Uniara.