Vera Botta (*)
O apreço não tem preço
Acabo de ouvir este verso do sambista em um momento profundamente triste, o do sepultamento do jornalista Amadeu Nadeo, cidadão do mundo. Uma pessoa rara e especial. De coração e alma abertos, tinha sempre uma palavra de otimismo, de solidariedade. Ele nos deixou em setembro, bem no início da primavera. Um setembro que estava sendo vivido por ele com muita esperança, com a expectativa de mudança dos rumos de nosso país. E Nadeo, sonhador nato, imprimiu a toda sua vida o sem medo de ser feliz. Foi inteiro, daquelas pessoas que nunca esqueceram que paz e amor deveriam fazer parte da Declaração Universal dos Direitos Humanos.
Lembro-me de Nadeo na Câmara, no meu primeiro mandado de vereadora. Em meio a sessões tumultuadas, de agressões e farpas trocadas, às vezes me afastava um pouco para conversar com Nadeo. E ele, com seu espírito iluminado me dizia, Vera vá em frente, quem não deve, não teme… Talvez eu nunca lhe tenha dito, mas não me esqueci do seu gesto de solidariedade quando não fui reeleita, do seu jeito de falar com o coração. Ontem, no seu enterro, crianças, jovens, adultos, todos choravam em um abraço silencioso e triste. Você deixa à Fernanda, a seus filhos, aos amigos que o amavam, uma herança preciosa. O apreço não tem preço. Com certeza, tinha ontem mais uma estrela no céu, de um brilho particular, vindo da força luminosa de sua alma. Amigo, suas lembranças estão guardadas no peito, bem perto do coração. Pessoas como você ficam para nos deixar a esperança de um amanhã.
Nessa primavera de dias frios, céu claro, chuvas benditas e maravilhosas aparições do sol, o inesperado nos trouxe uma triste surpresa. Talvez para nos lembrar que a amizade, o carinho, a solidariedade devem ser mais cuidados. Para podermos, como você, Nadeo, colher sementerias de amor e de luz. Você nos mostrou que os amigos têm um código próprio, o do coração e nele você sempre estará presente.
A viva voz dos servidores municipais
O I Seminário de Cargos, Carreira e Salários deu ao início da primavera um colorido especial. Noite de sexta-feira. O Hotel Eldorado iluminado, de portas abertas. Eles foram chegando, olhos brilhantes, vestidos para um encontro especial. De definição de suas vidas. De discussão de seu presente e de seu futuro. Mostraram, nos dois dias de intenso trabalho, que conhecem muito bem seus direitos e querem cobrá-los. Uma categoria esquecida, dizem muitos. Levada, por dever de ofício, a seguir regras ditadas por administrações que se sucedem no poder. Planos vêm e vão, promessas são feitas e desfeitas.
Durante o seminário, no calor dos debates, na atenção aos palestrantes, os funcionários nos deram uma clara demonstração de que querem respeito. Mais do que isso, nos deram lições. Critérios de acesso? Abaixo indicações políticas! O concurso público deve ser valorizado! Funções de chefia? Devem ser produto de eleição dos pares, respeitando-se critérios de qualificação, de tempo de serviço, sem esquecer que a sensibilidade, o potencial de liderança, o saber comandar, devem ter sua vez. Cargos de confiança? Restrição aos abusos.
Não à terceirização
Os servidores manifestaram-se contrários à mesma, reforçando os temores de que a terceirização implica em contratação de mão-de-obra barata sem garantias trabalhistas. A recusa foi enfática quanto à terceirização nos setores da saúde, da educação e nos cargos que mantêm relacionamento direto com a população. Surgiram igualmente pareceres de que os serviços devem ser bem avaliados, antes de se decidir a terceirização dos mesmos. Decididamente Não à terceirização da merenda escolar!!!!!!
A formação de uma comissão fiscalizadora em relação aos serviços terceirizados e a sugestão de ser dada preferência às firmas locais na seleção das prestadoras de serviço mostram que os funcionários estão de olhos bem abertos! E sabem, melhor do que ninguém, por onde devem andar os critérios de avaliação e desempenho… Sinais de alento. Parabéns ao Sismar! É preciso ter garra, é preciso ter gana, é preciso ter fé!
A primavera na Câmara
– Aprovada em primeira votação nova lei de antenas e sistemas transmissores, projeto de minha autoria e do vereador Chediek. Com o devido reconhecimento ao pioneirismo do vereador Cardozo nesta questão. De parabéns os moradores e membros da Associação Amigos da Fonte que nos mostraram que sistemas transmissores não devem ser vizinhos indesejáveis…
– Nova perspectiva de CEI no ar? A demissão da professora Sirlei, questionada pelos pais e mães de seus alunos tem sido debatida na Câmara. A Coluna pergunta: Funcionários celetistas concursados podem ser demitidos por justa causa sem sindicância?
– Boa semana a todos… Que nestes dias que antecedem a eleição, possamos unir esperança, coragem, vontade de mudar em um grande pacto. De compromisso com a ética. De vontade de ter uma sociedade mais justa. De ver renovados os valores de solidariedade que nortearam a vida de Nadeo. Um abraço a todos!
(*) É vereadora pelo PT e pesquisadora da Uniara.