Vera Botta (*)
Este março inova e traz boas novas
As águas de março têm ficado em promessas e lembranças musicais. Temperaturas elevadas de alto verão têm contrariado quaisquer previsões metereológicas, mostrando mudanças, imprevisibilidades. Como um oásis, nosso por do sol, fiel à tradição da Morada tem sido um convite ao sentir, ao pensar em como a vida nos dá, a cada momento, riquíssimas lições de vida…
Um 8 de março diferente
As flores não faltaram. Nem as homenagens, sempre bem-vindas. O inesperado ficou por conta da reunião com as funcionárias públicas municipais – guardiãs de nossa cidade – na Prefeitura. Elas foram chegando, ansiosas, com um brilho especial nos olhos. Sem distinções de referência. Independentemente do que lhes está reservado no Plano de Cargos, Carreira e Vencimentos, em tramitação em nossa Câmara, havia um ponto de identidade. Tinham sido convidadas por uma questão de respeito, de reconhecimento do lugar das mulheres nos diferentes espaços da sociedade.
O Caderno Mulheres na Cidade lhes foi apresentado em primeira mão e as servidoras disseram: Presente!!! Não por dever de oficio, nem por força de uma convocação. E neste convite, pouco usual, as portas da Prefeitura abriram-se para um momento especial… De reflexão sobre a condição da mulher trabalhadora, sobre a importância das novas gerações serem educadas para viverem em um mundo sem preconceitos e desigualdades sexuais/raciais/sociais. E houve, no Contando Histórias, no qual Claúdia Galvão esbanjou talento e sensibilidade, nas falas das autoridades, no suco compartilhado, nos abraços, nos risos, até nas lágrimas, um novo tom. Ditado pelo olhar feminino transformador, uma significativa inovação. Neste 8 de março, servidoras municipais olhadas com respeito, consideração, ternura… Cidadãs de direito… Inesquecível!!!
Aplausos ao Fundo Municipal de Solidariedade!
Como é bom reconhecer avanços! Andréa de Souza Túbero Silva mostrou com o lançamento da publicação Mulheres na Cidade uma postura diferente. Inovou em tudo. Mostrou que o Fundo Municipal da Solidariedade não tem que reproduzir papéis naturalmente destinados às primeiras damas, nem ter como diretriz uma cultura assistencialista. A opção por levar as lutas das mulheres a compor a agenda de atuação do Fundo mostrou coragem e compromisso com as reivindicações femininas.
O Caderno Mulheres na Cidade não apresenta fórmulas mágicas para resolver discriminações reais sofridas no mundo de trabalho, da política ou problemas graves constatados no circuito da violência doméstica. Faz, no entanto, um apelo significativo aos sonhos e utopias de homens e mulheres que desejam contribuir para a ampliação dos direitos de cidadania das mulheres… Valeu, Andréa e todos os que contribuíram para este 8 de março diferenciado!!! Foi um marco!!! Sinal de mudanças??? As mulheres querem e podem participar da definição do futuro da nossa Morada do Sol!!!
Tem sentindo pensar em um Dia Internacional do Homem?
Este assunto é geralmente tratado com chacota, em meio a acusações de que as mulheres ao se “apropriarem” de um dia especial a elas dirigido estariam tendo um comportamento machista. As reivindicações por um dia Internacional dos homens são para valer??? Não faltam lamentos e alegações de justa causa, apelos à situação da “desproteção” vivida pelos homens!!! Ironias à parte, por que não pensar nesta questão com maior sensibilidade e cuidado???
Afinal, por que os relatos de experiências em que homens e mulheres compartilham direitos e deveres no âmbito doméstico ainda causam perplexidade??? Por que os homens que assumem as tarefas cotidianas para a mulher trabalhar são olhados como “estranhos no ninho”??? Por que tanta resistência à quebra dos preconceitos de que “homem não chora”, “não pode, para garantir sua masculinidade, demonstrar emoções”??? Por que as atitudes autoritárias de dizer “em casa, mando eu”??? Questões a merecer um movimento especial!!!
A Coluna propõe: por que não propor, neste março ensolarado, o Dia dos Homens e das Mulheres que querem igualdade de direitos??? Sem dúvidas, uma revolução de valores… Mudanças nas formas de sentir, de se expor, do tratar suas (seus) companheiras (os)!!! Se assim fosse, poderíamos juntos, homens e mulheres que querem uma sociedade igualitária, enterrar dias especiais e compartilhar no cotidiano, sem datas marcadas que correm o risco de ser banalizadas, o sentimento prazeroso de viver em um mundo sem preconceitos!!! Sonhar mais um sonho possível!!!
A Coluna fica por aqui. Minha homenagem especial à D. Olinda Montanari, primeira mulher a assumir o cargo de vereadora em Araraquara em 1956, uma pessoa incrível que continua mostrando, nas lutas miúdas e graúdas, sua força e coragem. Reforço o convite para o debate que acontecerá no dia 14 as 19:30 hs na sede do PT sobre Políticas Públicas para Mulheres (em balanço 25 anos de PT e o feminismo). Quem sabe não estamos inaugurando uma nova história??? Boa semana a todos. Até a próxima!!!
(*) É pesquisadora da Uniara e colaboradora do JA.