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Vaticano reconhece milagre de padre no Brasil

Thiago Reis

A Congregação das Causas dos Santos, no Vaticano, reconheceu um milagre realizado em São José do Rio Preto (440 km a noroeste de São Paulo) pelo padre Mariano de La Mata Aparício no ano de 1996.

O papa João Paulo 2º assinou, no dia 20 de dezembro, um decreto reconhecendo as “virtudes heróicas” do padre. O próximo passo é a confirmação oficial do milagre e a beatificação de Aparício, morto em 1983.

A previsão é que ele se torne, entre maio e outubro desse ano, o quarto beato do país.

O relato enviado ao Vaticano em 1997 pela Ordem de Santo Agostinho do Brasil diz que o estudante João Paulo Polotto, hoje com 14 anos, foi curado de uma paralisia do lado esquerdo do corpo e de um traumatismo cranio-encefálico sem intervenção cirúrgica.

O garoto foi atropelado por um caminhão em abril de 1996 durante uma excursão do Colégio São José para Barra Bonita (302 km a noroeste da capital). Polotto tinha apenas seis anos e não se recorda do acidente.

Ele foi internado em coma na UTI (unidade de tratamento intensivo) da Santa Casa de Jaú. Polotto teve os primeiros socorros prestados pela mãe, que é médica, no local do acidente.

Segundo o avô Gilberto Lopes da Silva Junior, o garoto teve fraturas graves na cabeça e paradas respiratórias e teve de ser entubado já na entrada do hospital. Em apenas três dias, no entanto, estava curado, conta. “Os sintomas desapareceram e um hematoma enorme sumiu.”

O avô, que também é médico, diz que o neto só sobreviveu devido às preces do padre Luiz Miguel, diretor do colégio na época, que pediu ajuda a Aparício. “Eu acredito piamente na força da prece. A recuperação dele teve influência do sobrenatural”, afirma.

O garoto ainda mora na cidade e diz que adora praticar esportes. Ele afirma que não tem o hábito de ir à igreja, mas que costuma rezar em sua casa. “Minha família é toda de médicos, mas todos acreditam em Deus”, diz.

O beato

De acordo com o padre Miguel Lucas Peña, que trabalhou durante 12 anos com Aparício, ele era um homem “fora de série”, “realmente um santo”.

Peña diz que o padre se preocupava muito com os pobres, os doentes e as crianças e que visitava, todos os dias, ao menos quatro casas de caridade. “Cerca de 20 mil pessoas o conheceram de perto e receberam algum benefício.”

Segundo ele, médicos e teólogos do Vaticano se certificaram de que a cura do garoto não tem explicação científica.

Aparício nasceu na Espanha, mas mudou-se para o Brasil em 1931 e viveu a maior parte de sua vida no país. Ele lecionou no Colégio Santo Agostinho, no bairro da Liberdade, e foi pároco em São Paulo e em São José do Rio Preto.

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