Marlene Aparecida Bellote Primiano trabalhou durante três anos como apresentadora na TV Morada do Sol.
Segundo ela, uma época marcada por encontros riquíssimos, não só com os convidados e companheiros de estúdio com quem aprendeu muito, mas também com os amigos de casa a quem respeitava profundamente, a ponto de ficar tão à vontade, como se estivesse numa grande sala de visitas.
Indicada por Sarah Coelho Silva, Marlene é destaque em Gente:
JA – Quais as situações mais importantes que teve a oportunidade de vivenciar na TV?
MABP – Todas as situações eram importantes para mim porque eram “únicas” e “novas”. Aliás, para as repetitivas, meu lema era: “devo fazer novo aquilo que tiver que fazer de novo”. Lembremo-nos de que o bom ator deve estrear todos os dias.
JA – Dizem que na Europa as pessoas lêem até no metrô? E aqui? O que representam os livros para você?
MABP – Ler? No Brasil? Felizmente os livros ocupam espaço especial em muitas casas, muitas estantes… Mas são lidos? O grande Mário Quintana, corajosamente, afirma “os piores analfabetos são aqueles que aprenderam a ler e não lêem”. É forte, mas verdadeiro! Como eu, muitas pessoas têm necessidade de ler todos os dias. “O livro é um mestre silencioso, suave e eloqüente”. Mas… há tantos analfabetos… E os analfabetos funcionais? O País tem uma grande dívida social. Para colaborar nesse resgate, há sete anos, faço um trabalho de alfabetização de adultos. Ao ensinar o código linguístico estamos ajudando a fazer não só a leitura dos livros, mas a leitura do mundo.
JA – Qual o benefício e quais os lados negativos de se ler livros no computador?
MABP – Não há vantagens. A Internet, a mídia eletrônica não se prestam a obras que exijam grande concentração no conteúdo (literariamente falando-se). A Internet é imbatível nas informações enciclopédicas, em que se pode navegar. Você pode levar seu “lap-top” a um jardim ou para debaixo de uma mangueira e degustar sua obra até que se extinga a carga da bateria… mas será a mesma coisa do contato físico, do manuseio, do envolver-se na trama da obra, no seu todo e não numa síntese?
JA – Se não fosse professora, o que gostaria de ser?
MABP – Sou professora normalista. Mas exerço tantas outras atividades! Gosto de desafios. “Devemos fazer as coisas que pensamos não poder fazer. Desafie-se e viva!”
JA – A arte mais difícil e, simultaneamente, a mais útil é a arte de saber educar. Você concorda?
MABP – “Ser educador é muito mais do que transmitir frios conhecimentos; É influir na vida, é motivar, é ter não apenas alunos, mas discípulos, seguidores; é extrair das pessoas o que elas têm de melhor”. Educar é fazer transfusão de vida.
JA – Não podemos mudar o passado. Mas, e o amanhã?
MABP – Compreendemos a vida olhando para trás, mas a vivemos olhando para frente. O amanhã será bom se conseguirmos passar “tochas acesas” às gerações futuras. A civilização de uma época é o adubo de uma próxima.
JA – Dizem que feliz é quem ensina o que sabe fazer. É verdade?
MABP – Quem não ensina o que sabe é como a nuvem que passa sem deixar chuva. Quem ensina, aprende; quem aprende, ensina.
JA – Qual é o seu maior empenho no seu trabalho atual?
MABP – Desde o ano passado, estou cursando a UATI (Universidade Aberta à Terceira Idade), em São Carlos. A partir de novembro de 2001, nos mesmos moldes e com apoio da vizinha cidade iniciamos, em Araraquara, a OATI (Oficinas Abertas à Terceira Idade) no espaço TVIP. Para “passar no vestibular” é necessário ter completado 40 anos. Posso afirmar que a cultura é agente de transformação da maturidade, melhora a qualidade de vida e a auto-estima.
JA – Quais os outros objetivos do espaço TVIP?
MABP – O espaço TVIP foi concebido para oferecer atividades artístico-culturais como instrumentos de auto-conhecimento e expressão. Temos professores de teatro, técnicas circences, artes-marciais, artes plásticas e alfabetização de adultos. Temos também esse trabalho específico para a 3ª idade, com um conteúdo muito interessante e por um valor bastante reduzido. Nosso objetivo é reconectar a criatividade essencial do ser e aumentar a capacidade de comunicação com o outro.
JA – Como passa seu tempo de lazer?
MABP – Sempre que posso compareço aos eventos sócio-culturais. Mas, o meu maior lazer são as minhas atividades: dois ensaios semanais de Canto Coral (há 17 anos), as oficinas da UATI em São Carlos e um profundo e agradável trabalho com o projeto Pancéia, onde são feitas oficinas de circo, trabalhos em praças, empresas, e o Doutores Panacéia que estarão visitando as pediatrias dos hospitais de Araraquara.
JA – Como participar desse trabalho?
MABP – Se você está querendo reciclar seus conhecimentos ou desenvolver seus sentidos comunique-se conosco! Do ponto de vista comercial queremos aperfeiçoar sua capacidade de atendimento ao público e conscientizá-lo do valor do trabalho em equipe! Se quiser visitar-nos, nosso endereço é rua Gonçalves Dias, 952 (esquina com a avenida Barroso). Temos uma página na Internet no endereço www.tvip.cjb.net.
JA – O segredo da vida é estar em paz com Deus e a natureza? Se estamos atentos Deus nos fala, em qualquer língua e linguagem?
MABP – “O silêncio é um luxo atual”. Quando temos a coragem de praticá-lo, Deus nos fala. Se estamos dispostos a fazer a Sua vontade, teremos a paz dentro e, conseqüentemente, construiremos a paz ao nosso redor com as pessoas e a Natureza.
JA – Mensagem
MABP – “A vida tem a cor dos nossos óculos e o sabor dos nossos valores internos”. Não devemos permitir que alguém saia de nosso presença sem que se sinta melhor e mais feliz.