Renato Ramos Martini, graduado em Ciências Sociais e Mestre em Sociologia pela Unesp/Araraquara, é professor de História e tem transmitido aos alunos a evolução e transformação da sociedade. O que vale hoje, pode ser modificado amanhã. São regras e padrões de comportamento consensualmente aceitos. Por isso, são caminhos democráticos que são pavimentados pela convivência, nem sempre mansa e pacífica, dos grupos componentes da pirâmide social. E de preferência, multiplicando esforços para eliminar as condições de miserabilidade, as injustiças socais.
JA – Você é filho de Araraquara?
RRM – Sim, nasci em Araraquara e me formei na cidade, fazendo graduação e pós-graduação na FCL/Unesp, fato que me orgulha no sentido de ser esta instituição uma referência não só em termos de ensino como em termos culturais para a cidade.
Como você escolheu a profissão?
Creio que o interesse por política e a visão crítica sobre nossa sociedade tenham me encaminhado para a área de ciências humanas, especificamente para as ciências sociais.
Qual o benefício do mestrado?
É saber que de alguma maneira estamos contribuindo para a reflexão sobre o entendimento do que seja o nosso país. Muito ainda tem que ser estudado sobre o Brasil.
Quais seus projetos?
Pretendo seguir meus estudos no doutorado.
Existe campo de trabalho nesta área?
A área de pesquisa no Brasil ainda é um tanto desorganizada, todavia existe a possibilidade de exercer a função de professor no ensino médio ou no ensino universitário.
Qual o retorno com os alunos?
Existe um aspecto que me parece gratificante no contato com os jovens. É que eles, talvez, sejam o segmento social mais questionador e mais propenso a mudanças. E isso é positivo num mundo em que tanta coisa precisa mudar.
Fale mais sobre sua área?
A área de ciências humanas deve servir para pelo menos mostrar ao jovem que as sociedades são dinâmicas e que estão em constantes transformações. O que existe hoje será diferente amanhã e assim por diante. Deve mostrar também que valores e situações econômicas são criadas socialmente e não são naturais. Assim por exemplo a pobreza, a miséria são criadas pela forma como a sociedade está organizada.
Os professores passam essas idéias aos jovens?
Por incrível que pareça há professores desta área que reproduzem o discurso da ordem estabelecida, que dizem que a competição é salutar, que as pessoas devem buscar incessantemente o lucro, em síntese, que se deve buscar o sucesso a qualquer preço. Estes professores ou não entenderam nada ou são muito mal intencionados.
Os jovens são disciplinados?
Diria que não, hoje eles são mais informados… e aqui é preciso distinguir informação de conhecimento. O conhecimento exige mais profundidade e portanto mais disciplina. Assim há excesso de informação e escassez de conhecimento.
Os jovens gostam de estudar e pesquisar?
Alguns se interessam e acabam gostando de estudar. Percebem que o conhecimento causa transformações intensas, gratificantes. Entretanto grande parte se acomoda e estuda o mínimo necessário.
E os eventos extra-curriculares?
Os jovens, em geral, gostam mais do que os curriculares, porém creio que a atividade em sala de aula é imprescindível.
Como analisa a situação política?
No caso do Brasil, o processo eleitoral para presidência, teve inúmeros aspectos positivos. Um deles é que pela primeira vez na nossa história foi eleito alguém com origens populares, rompendo preconceitos e medos. É como se a população dissesse: já que os homens da elite sempre governaram e nos legaram um dos países mais injustos do mundo, vamos mudar este estado de coisas. Esperamos que as expectativas de mudanças não sejam frustradas, pois isso causaria um grande retrocesso na crença da democracia.
Uma mensagem
Esperança, muita esperança na construção de um outro país e de um outro mundo mais solidário e justo.
