Um grande amigo e companheiro partiu para a Pátria Celestial.
Faleceu neste sábado, 18, aos 88 anos, o querido jornalista, radialista e apaixonado por futebol Wilson Silveira Luiz.
Wilson foi um verdadeiro lutador na vida. Sempre bem-humorado, encontrava uma forma de alegrar qualquer ambiente em que estivesse.
Ele trabalhou em rádios locais, transmitindo partidas de futebol e programas esportivos, escreveu para jornais — inclusive aqui no Jornal de Araraquara — e também atuou na Fundesporte.
À sua esposa Cidinha, grande amiga e companheira, aos filhos e netos, o abraço solidário de todos nós do Jornal de Araraquara. Que Deus, em sua infinita misericórdia, os abençoe e lhes conceda o conforto necessário para enfrentar este momento de separação.
Até um dia, Wilson.
Abaixo, um texto escrito por Wilson em 2020, refletindo sobre sua vida:
Sou Torcedor da Minha Família
Por: Wilson Silveira Luiz
O profissional de qualquer segmento é feliz quando é lembrado. Assim também acontece na vida deste modesto radialista e jornalista que sou eu, Wilson Silveira Luiz (com “Z” no fim).
Quando menino, acompanhava meu pai, Onofre, nas comemorações do “Cimento Armado” ou “Galo”, como era chamado o Paulista F.C. de Araraquara (tempos do Dr. Alonso). A sede ficava na Rua São Bento, quase em frente ao antigo Clube Araraquarense.
No final dos anos 1950, surgiram as atividades do time dos Ferroviários da EFA. O campo, chamado de Botafogo, ficava no final da Rua Zero, onde hoje está o Hospital São Paulo. Meu pai fazia parte disso tudo. O Dr. Antônio Tavares Pereira Lima, nascido em Guaranésia (Minas Gerais), após fundar o América em São José do Rio Preto, foi transferido para a sede central da EFA (Estrada de Ferro Araraquara). Ele chegou com a ideia de fundar mais um clube. Assim nasceu a AFE (Associação Ferroviária de Esportes), com a participação do meu pai.
Não há registros oficiais, mas ele era da chamada “turma de sapa” — fazia o trabalho pesado, sem aparecer. Foi então que começou a minha paixão pela Ferroviária.
Vi o primeiro jogo da AFE em 13 de maio de 1951: uma vitória de 3 a 1 sobre o Mogiana. Também assisti ao primeiro gol grená, marcado por Fordinho. Estive presente na vitória de 6 a 3 contra o Botafogo, que garantiu a primeira subida à Divisão Principal.
Minha relação com a AFE continuou mesmo quando servi o Exército em São Vicente, onde fui seu representante oficial. Posteriormente, mudei para São Carlos e novamente representei a Ferroviária.
Ao seguir minhas tendências profissionais, já atuando na Rádio Progresso, recebi o convite para comandar a equipe esportiva da Rádio A Voz da Araraquarense. Que felicidade voltar à minha terra natal e transmitir os jogos da minha querida Ferroviária!
Descrever todas as emoções que vivi seria impossível, tantas foram as alegrias. Conheci o Brasil e outros países acompanhando a AFE. Quando comecei a transmitir jogos pela Rádio Cultura, senti ainda mais o peso da responsabilidade profissional. A Cultura tinha uma emissora de frequência tropical (62 metros) que alcançava boa parte do mundo.
Por isso, caprichei cada vez mais. Afinal, passei a ser ouvido por torcedores de Palmeiras, Corinthians, Santos, Portuguesa, Flamengo, Vasco, Grêmio e outros. Entre os ouvintes, destaco o carioca Antônio Carneiro (Bélier), o torcedor número 1 da AFE.
Tinha o cuidado de gritar os gols no mesmo tom, fosse da AFE ou de outro clube. Esse esforço me rendeu o carinho de muita gente, incluindo dois troféus Gandula, que recebi no Ginásio da Portuguesa ao lado dos maiores nomes da crônica esportiva mundial.
O saudoso Wagner Bellini, na sua coluna “As 15 do Wagner”, especulava sobre meu time fora de Araraquara. Um dia ele dizia que eu era palmeirense, outro dia corintiano, santista ou até torcedor da Lusa. Resolvi brincar e dizia que torcia para o Jabaquara.
Essa brincadeira resultou no envio de uma camisa do “Jabuca” por Luiz Roberto Butignon, que ainda mora em Santos. Tenho essa camisa guardada com muito carinho.
Resumindo, sou torcedor da minha família e, claro, da Ferroviária, minha grande paixão.

PREFEITURA DE ARARAQUARA DEIXA A SEGUINTE MENSAGEM E DECLARA 3 DIAS DE LUTO
Wilson Silveira Luiz: A voz que marcou o esporte de Araraquara
É com profundo pesar que a Prefeitura de Araraquara lamenta o falecimento de Wilson Silveira Luiz, ocorrido em 18 de janeiro de 2025. Locutor esportivo apaixonado, Wilson eternizou momentos históricos do futebol e incentivou diversas modalidades esportivas em nossa cidade, deixando um legado que jamais será esquecido.
Para homenagear sua trajetória, foi decretado luto oficial de três dias no município.
À família, amigos e admiradores, nossa solidariedade neste momento de despedida