Conrado Simonetti (*)
Um software que permite simular diferentes tipos de plantios para o cultivo da cana-de-açúcar e estabelecer o mais adequado à propriedade, com base em um cronograma de instalação do canavial que considera os custos anuais e as rendas bruta e líquida a serem obtidas, acaba de ser desenvolvido por uma equipe de pesquisadores da Universidade do Oeste Paulista, de Presidente Prudente, e da Universidade Estadual de Campinas.
Trabalhando em parceria, os professores Tadeu Alcides Marques (Unoeste), Patrícia Angélica Alves Marques e Gil Eduardo Serra (Unicamp), desenvolveram um aplicativo para a formação convencional de uma lavoura de cana-de-açúcar, com o objetivo de promover uma implantação diferenciada, proporcionando a mesma quantidade de produção nos anos posteriores à implantação.
Por se tratar de uma cultura semiperene que pode ser colhida após 12 ou 18 meses do plantio (sistemas denominados ‘cana de ano’ ou ‘cana de ano e meio’), a cana-de-açúcar permite, depois desse período inicial, a realização de colheitas seqüenciadas denominadas de “cortes das canas” que apresentam o inconveniente da variação na quantidade da cana produzida, após alguns anos do plantio.
Segundo Marques, o novo aplicativo permite ao produtor obter o cronograma de instalação do canavial, bem como os custos anuais e as rendas bruta e líquida em valor presente. Por meio de dados como o preço da cana, produtividades e taxa de juros, ele poderá simular diversas situações e escolher a que melhor se adequar à sua propriedade. O ponto de partida do trabalho foram as especificidades de sistemas de plantio da cana-de-açúcar. Os pesquisadores procuraram otimizar a implantação de um canavial, levando em conta a necessidade de fornecimento contínuo e homogêneo da matéria-prima para a indústria e a grande diversidade de produtividade de acordo com os diferentes cortes e situações.
Para uma avaliação precisa da viabilidade dos métodos propostos, em comparação à metodologia tradicional, Marques adianta que foram realizados cálculos dos custos de implantação da cultura, da manutenção da soqueira, de renda bruta anual e das rendas líquidas, as quais foram posteriormente trazidas ao valor presente. “Os resultados demonstraram que, apesar do aumento do investimento inicial, os métodos propostos sempre proporcionam maiores lucratividades reais com o passar do tempo e que o tempo de recuperação do capital investido também é menor para os métodos tradicionais”, afirma o pesquisador.
(*) É do Segmento Comunicação (011) 3039-5655.