João Baptista Galhardo
Agora é lei. Idoso – ex vi legis -, é todo aquele que atingiu 60 anos de idade. E os dicionários são impiedosos: idoso é todo homem com bastante idade, velho, senil. Senilidade é sinônimo de demência, decrepitude e caduquice. Estou preocupado com alguns amigos que se entregaram. Com tanta publicidade do Estatuto do Idoso, acabaram acreditando que o “sessentão” é “um pé na cova.” E o pior: deixar-se influenciar por esse inconsciente coletivo negativo, conseguirão mesmo uma velhice por antecipação. A lei, embora de cumprimento utópico, é bem intencionada. Mas, imaginar que o sexagenário é um senil, aí já é demais. Quantos jovens de sessenta anos vemos diariamente, participando de pesadas competições esportivas. E o engraçado é que a lei foi projetada e aprovada por parlamentares que têm entre eles muitos que já passaram dos 60, 70 e até 80 anos de idade. Também nosso Código Civil, que teve como maior colaborador um jurista e filosofo, com mais de noventa anos de idade, que ainda trabalha e escreve diariamente com uma lucidez incrível, considera o sexagenário um mentecapto presumido, quando impõe ao seu casamento o regime da separação obrigatória de bens, pela presunção, em razão da idade, de não ter ele discernimento para saber o que está fazendo, sendo passivo do chamado golpe do baú. Eventual doação de bens que fizer a quem lhe deu amparo e carinho, suprindo talvez a carência afetiva provocada pela família, pode ser impugnada pelos seus descendentes. E se a pendenga chegar ao Tribunal de Justiça será julgada por Juízes que já ultrapassaram aquela marca etária, que por certo decidirão pela nulidade : “ele tinha sessenta anos, não sabia o que estava fazendo”. Dá para explicar mas não dá para entender. A idade não é marcada por lei. Existem muitos jovens de 70 ou 80 anos e muitos velhos de 30 ou 40 anos de idade. É a mente que comanda. É o que ele pensa que ele é. O homem tem a idade do seu sorriso. O ser humano, vigiado pela razão, deve até o fim da vida buscar o prazer e a felicidade. Sai dessa : “não tenho mais a memória que tinha”. “Sinto o peso dos sessenta anos”. “Preciso de um bom plano de saúde”, “Vou comprar um carnê de serviços funerários”. “Já estou pensando em passar meus bens para os filhos”. E outras lamentações que conhecemos. No aniversário só lhe dão pijama de mangas compridas. (Com ele fica parecendo um espantalho de horta) E chinelo de sola de borracha para não escorregar no banheiro. Passa a tomar sopa e comer saladas coloridas. Ah! “Falaram que faz bem”. É claro que sessenta anos não são meia idade. Não conheço ninguém com cento e vinte, mas demente também já é demais. Influenciados pela propaganda do estatuto do idoso, nessa idade aparecem os conselheiros: “feijoada, pizza, carne vermelha, cerveja, bacon, ovos, torresmo, bolo, sorvete…nem pensar”. E macarrão? “No Natal você pode comer um miojo”. “Precisa andar bastante, todos os dias e aceleradamente”. Se é verdade que andar feito um louco todos os dias faz tão bem, todo carteiro morreria com mais de cem anos. Todo mundo se acha no direito de dar um palpite ou um conselho para os “velhinhos” de mais sessenta anos. O sr Lazinho e sua mulher d.Francisca foram ao médico. Ela queria tão somente um analgésico para dor nas costas. “É osteoporose” disse o médico. A Senhora precisa comer queijo e fazer muito exercício. Eu doutor ? Com 79 anos de idade. “Então faça pelo menos sexo com freqüência”. Sexo ? “O senhor precisa falar isso para o meu marido”. Vêm os dois para a sala de espera: “Seu Lazinho, para melhorar a dor nas costas da sua mulher, ela precisa fazer sexo pelo menos duas vezes por semana”. “Tem dia certo doutor”?, perguntou o Lazinho. “Pode ser na segunda e na sexta feira”. “Um intervalo de três dias, vai bem”. “Tá combinado”. Na segunda “eu trago ela” mas na sexta ela vem sozinha, porque é dia que eu jogo biriba com os amigos”.