Desde os primeiros dias de vida, é fundamental que os pais e cuidadores estejam atentos à saúde ocular dos pequenos. O primeiro exame oftalmológico, o teste do reflexo vermelho – popularmente conhecido como teste do olhinho – deve ser realizado ainda na maternidade. Ele é simples, rápido e pode detectar alterações graves, como catarata congênita, glaucoma e até tumores oculares.
Conforme explica Marcelo Alexandre Cavalcante, presidente do Departamento de Oftalmologia da Sociedade de Pediatria de São Paulo (SPSP), é recomendável que entre seis meses e um ano de idade a criança passe por uma avaliação completa com um oftalmologista infantil. “Mesmo que nenhum sintoma esteja presente, os exames devem ser realizados anualmente ou conforme a orientação médica, pois diversas doenças oculares se desenvolvem de forma silenciosa e só se manifestam quando já estão avançadas”, aconselha o médico.
Ele diz que crianças pequenas nem sempre conseguem comunicar que não estão enxergando bem e, portanto, cabe aos pais e responsáveis observar alguns sinais, como o hábito de aproximar objetos no rosto, tropeçar com frequência, coçar ou esfregar os olhos constantemente, lacrimejamento sem motivo aparente, sensibilidade à luz, olhos vermelhos, queixa de dores de cabeça frequentes, rendimento escolar abaixo do esperado ou desinteresse por atividades que exigem atenção visual. “O desvio de um ou ambos os olhos, conhecido como estrabismo, também é um sinal de alerta. Em qualquer um desses casos, a avaliação oftalmológica deve ser realizada o mais rápido possível”, acrescenta.
Para ele, um dos grandes desafios da saúde ocular infantil nos dias atuais é o uso excessivo de telas. “O contato precoce e prolongado com celulares, tablets e computadores tem sido associado a um aumento significativo de casos de miopia. Além disso, o tempo prolongado focando em curta distância causa fadiga ocular, olhos secos e dores de cabeça. Por isso, é fundamental limitar o uso de telas de acordo com a idade da criança”, orienta, ressaltando que até os dois anos, o ideal é evitar totalmente a exposição. Entre dois e cinco anos, o tempo deve ser restrito a, no máximo, uma hora por dia, sempre com supervisão e conteúdo apropriado. A partir dos seis anos até os dez anos, o uso pode ser mais flexível, de até duas horas por dia, com supervisão, mas deve incluir pausas frequentes.
Ainda, em atividades esportivas ou em laboratórios escolares, o uso de óculos de proteção é indispensável. E o uso de óculos deve ser feito somente com a orientação de um oftalmologista. “Óculos com grau inadequado ou armações mal ajustadas podem piorar a visão e causar desconforto”, alerta o especialista. Dessa maneira, promover a saúde visual na infância é garantir que a criança tenha as melhores condições para aprender, brincar, explorar o mundo e se desenvolver com plenitude. “Os pais e cuidadores têm papel fundamental nesse processo, seja oferecendo estímulos adequados, acompanhando o uso de tecnologias, incentivando hábitos saudáveis ou levando a criança ao oftalmologista de forma preventiva. A visão é uma janela para o mundo e merece toda a nossa atenção”, finaliza Cavalcante.
(Flávia Lo Bello – Verité Assessoria & Comunicação)
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