Luigi Polezze
Araraquara passa por mudanças com a nova administração municipal, o que é natural. No entanto, uma das medidas mais polêmicas diz respeito ao transporte de alunos da rede pública: estudantes que moram a menos de dois quilômetros da escola perderão o direito ao transporte escolar.
A situação mudou desde julho de 2019 quando a Secretaria de Educação do Estado de São Paulo anunciou mudanças no transporte escolar fretado, excluindo do benefício estudantes acima de 12 anos que moram a menos de dois quilômetros da escola. Araraquara aderiu a parte desse projeto, limitando o acesso para estudantes a mais de 2 quilômetros da escola, mas não impondo limite à idade.
Novos tempos, novos desafios
É fundamental reconhecer que os tempos mudaram. Infelizmente, a realidade de hoje é diferente de 20 anos atrás. A cidade enfrenta um aumento na violência e na população em situação de rua.
Como permitir que crianças caminhem sozinhas até a escola em meio a esse cenário? Essa é a preocupação de muitos pais e responsáveis com quem conversamos. A resposta foi unânime: “Não deixarei meu filho ou neto ir sozinho à escola. A insegurança está muito grande.”
Aqueles que apoiam essa mudança devem se perguntar: “Eu deixaria meu filho ou neto ir sozinho para a escola?”
Ademais, não podemos nos esquecer como a distância de 2 quilômetros não é tão clara. Pode haver avenidas, ruas perigosas ou até grandes obstáculos no caminho do jovem que o faça caminhar por mais, além dos perigos envolvidos.
O papel do poder público
A justificativa para a medida é a falta de recursos. No entanto, vale lembrar que o dinheiro da Prefeitura vem do contribuinte – assim como ocorre nos âmbitos estadual e federal. O cidadão paga impostos para que serviços essenciais, como a segurança e o transporte escolar, sejam garantidos.
Se há problemas financeiros, a solução deve ser buscada sem prejudicar a população mais vulnerável.
Resta a pergunta: a Prefeitura realmente acredita que essa mudança representa um avanço? Ou estamos, na prática, retrocedendo?
Nota da prefeitura a respeito
O secretário municipal de Educação, Fernando Diana, esclareceu dúvidas sobre transporte escolar. Ele garantiu que não houve mudanças nas regras para transporte gratuito: a exigência de distância mínima de 2 km entre a casa do aluno e a escola segue válida, mas há exceções para estudantes da educação especial ou quando há barreiras físicas. O atendimento em regiões como Cruzeiro do Sul e Esplanada será mantido. Por fim, Fernando Diana anunciou que serão criadas comissões para dialogar diretamente com professores e demais profissionais da rede municipal, buscando ouvir demandas e aprimorar a educação na cidade.