Que a prefeitura araraquarense não possa ajudar, até se entende. Afinal, não tem dinheiro ou aplica-se mal os parcos recursos. Mas, daí a prejudicar uma entidade assistencial que batalha para a promoção de famílias, há 43 anos, a distância é infinita. O absurdo foi denunciado pelo vereador José Carlos Porsani.
O poder de polícia, ao ser mal-aplicado, ultrapassa os limites do bom senso e da cidadania. Eivando-se de arbitrariedade, mergulha na fantasia de um departamento que parece estar litigando, guerreando com moinhos de vento num mundo do faz-de-conta. É difícil de se acreditar, mas, a municipalidade que deixa de fazer tantas obras e serviços reclamados pela coletividade, encontra tempo e dinheiro para aborrecer quem existe e se alimenta de recursos próprios sabendo que o poder público está distante.
O vereador José Carlos Porsani, no dia 24 de outubro, considerando que a Dona Maria Nigro orienta as pessoas assistidas pela Sociedade Beneficente “Carol Peixoto Ribeiro” a fazer sabão, com óleo usado na fritura doméstica; considerando que o produto é usado na residência dessas mulheres que recebem informações, medicamento e cesta básica; considerando que a instituição foi vistoriada pela Divisão de Saúde Pública – Vigilância Sanitária da Prefeitura de Araraquara (laudo nesta página), fazendo recomendações e concluindo que se as orientações não forem atendidas deverá a mesma encerrar suas atividades sob pena de ficar sujeita às penalidades legais, assinou requerimento que restou aprovado pela Câmara Municipal “solicitando ao Senhor Prefeito Municipal entrar em entendimentos com a Vigilância Sanitária para estudar uma fórmula capaz de permitir que a entidade continue prestando seus serviços à comunidade”.
Parece mentira
Esse requerimento, enviado ao prefeito Edinho Silva, parece que é uma brincadeira, uma piada para fazer o brasileiro rir.
O vereador Porsani, que tem muitos temas importantes para encaminhar e lutar pelo atendimento porque os entraves burocráticos são previsíveis, é obrigado a dispensar tempo para uma notificação risível, exdrúxula, esquisita e extravagante que, infelizmente ainda não mereceu a atenção do nobre prefeito petista. Tanto que, no dia 8 de novembro, de novo o Porsani retoma o assunto para adicionar outras informações ao Executivo.
Afirma o vereador que a sociedade mantém projeto de economia doméstica e educação ambiental ao orientar as pessoas a preparar sabão com óleo usado. Que as barras de sabão ficam com as próprias famílias que, como prêmio à participação do projeto, recebem cesta-básica. Um jeito de se promover a pessoa, sem assistencialismo carimbado de “fome-zero”.
Porsani ainda sublinha que a entidade tem o caráter de benemerência e há 4 décadas ganha o carinho e atenção da Dona Maria Nigro.
Receita assinada:
Francisco Nigro
O cidadão notável e que ao longo da vida tem dado exemplos dignificantes, Francisco Nigro, com o patrocínio da Eterna – a máquina de cozinhar divulga para todo o país a receita que respeita a natureza.
Óleo de Fritura
“Nada de jogar óleo no ralo da pia ou qualquer outro porque prejudica o meio ambiente.
Como ninguém explica como respeitar a natureza, pegue o óleo usado e coloque em garrafas de plástico para depositá-las no saco de lixo. Assim, ao invés de gastar dinheiro numa ETE – Estação de Tratamento de Esgoto – você colabora para evitar que 1 litro de óleo contamine 1 milhão de litros de água.
Agora, você pode guardar o óleo e fazer sabão frio”.
A receita do
sabão que a
prefeitura
deseja acabar
Ingredientes:
4 litros de óleo usado
2 litros de água
1 Kg de soda
Se desejar, 1/2 copo de pinho-sol.
Modo de fazer:
Em um balde plástico, juntar a soda e a água mexendo bem até dissolver. Coloque o óleo (de frituras) e vá mexendo durante 4 minutos, sem parar com o auxílio de um cabo de vassoura ou pedaço de ripa. Cuidado com o respingo da soda…
Logo após, despejar numa vasilha retangular de plástico ou em potinhos de margarina e deixar por 10 dias. Após, cortar em pedaço o sabão que foi colocado numa vasilha retangular.
Estatuto
A denúncia do vereador Porsani é acompanhada de uma cópia do estatuto da Associação Beneficente “Carol Peixoto Ribeiro”.
Agora, aqui para nós e para o prefeito Edinho Silva que deve, com urgência urgentíssima, parar tudo e pensar sobre a qualidade deste seu segundo mandato: pelo besteirol oficial e antídoto com a maior rapidez, nem precisava de uma cópia do estatuto. Ou precisava? (Geraldo Polezze)