Mais de 50 “terroristas” foram assassinados em meio à mais ampla ofensiva militar paquistanesa contra supostos membros da rede extremista Al-Qaeda e simpatizantes locais em uma região tribal do país na fronteira com o Afeganistão, disse nesta quinta-feira o ministro de Interior do Paquistão, Faiçal Saleh Hayyat.
Ele prometeu que a operação na região de Warizistão do Sul, iniciada dez dias atrás, continuaria até a “total eliminação dos terroristas” ali escondidos. Acredita-se que chefes tribais tenham concedido abrigo a militantes foragidos da Al-Qaeda e da milícia fundamentalista islâmica Taleban.
“Mais de 20 terroristas foram mortos na operação até agora e espera-se outros 30 ou 35 corpos de terroristas sejam recuperados ao término da operação”, afirmou Hayyat a parlamentares durante um debate na Assembléia Nacional. Ele não revelou a identidade dos suspeitos nem revelou se eles eram estrangeiros ou membros das tribos locais.
Enquanto isso, o militar Mahmood Shah, comandante da segurança nas regiões tribais, informou nesta quinta-feira que as autoridades paquistanesas estão interrogando 163 suspeitos capturados, mas a identidade deles ainda precisa ser confirmada. Ele admitiu que muitos suspeitos podem ter fugido quando começou a operação.
Seus comentários aumentam ainda mais as especulações de que supostos “terroristas de alto valor” teriam escapado do cerco imposto pelo Exército. Entre eles estaria o médico egípcio Ayman al-Zawahri, lugar-tenente do milionário saudita Osama bin Laden, líder da Al-Qaeda.
Na Assembléia Nacional, parlamentares oposicionistas protestaram contra a operação e abandonaram o recinto. A operação é a maior já realizada pelo Paquistão no âmbito da guerra liderada pelos Estados Unidos contra o “terrorismo”.
Os parlamentares disseram que o governo “não levou o Parlamento em consideração” ao decidir promover a ação militar. “Entramos em uma daquelas guerras sem fim”, queixou-se Qazi Hussain Ahmed, líder da coalizão religiosa ultraconservadora Mutahida Majlis-e-Amal. “Todo o país está sendo afetado pela incerteza”, denunciou.
Mehmood Khan Achakzai, outro parlamentar oposicionista, comentou que o Paquistão está promovendo uma guerra em nome dos EUA. “O governo impôs às nossas tribos a guerra de outros. Agora as tribos voltaram-se contra o Paquistão.”
Ainda nesta quinta-feira, uma delegação de 30 anciãos tribais participava de uma missão de paz pela zona de combate, nos arredores de Wana, no Warizistão do Sul. Eles buscavam a libertação de 14 soldados e oficiais paquistaneses capturados por militantes engajados no combate às forças regulares do país.
Os anciãos, que iniciaram ontem sua missão de paz, também tentavam convencer simpatizantes locais da Al-Qaeda a entregar militantes estrangeiros ao governo para evitar uma chacina na região, afirmaram moradores e autoridades locais.
O general Shaukat Sultan, porta-voz do Exército, disse não ter informações sobre o resultado da missão. “Ainda não recebemos nenhuma resposta deles.” Apesar disso, ele comentou que o governo espera que os anciãos tenham sucesso em sua missão.
O Exército do Paquistão havia estabelecido o prazo de 10h locais de hoje para que foragidos ligados à Al-Qaeda se entregassem e libertassem os reféns.
Entretanto, não havia notícias sobre combates na região depois do fim do prazo e Shah comentou que o período poderia ser estendido.