(Texto atribuído a Vinícius de Morais, na realidade escrito por Paulo Santana)
Tenho amigos que não sabem o quanto são meus amigos, não percebem o amor que lhes devoto e a absoluta necessidade que tenho deles.
A amizade é um sentimento mais nobre que o amor eis que permite que o objeto dela se divida em outros afetos enquanto o amor tem intrínseco o ciúme que não admite rivalidade.
Eu poderia suportar, embora não sem dor, que tivessem morrido todos os meus amores mais enlouqueceria se morressem todos os meus amigos. Até mesmo aqueles que não percebem o quanto são meus amigos e o quanto minha vida depende de sua existência. Alguns deles não procuram mas também basta saber que existem. Essa mera condição me encoraja a seguir em frente pela vida… Mas, porque não os procuro com assiduidade não posso lhes dizer o quanto gosto deles, eles não iriam acreditar.
INCLUÍDOS
Muitos deles estão lendo essa crônica e não sabem que estão incluídos na sagrada relação de meus amigos. Mas é delicioso que eu saiba e sinta que os adoro embora não declare e não os procure e, as vezes quando os procuro, noto que eles não têm noção de como são necessários, como são indispensáveis ao meu equilíbrio vital porque eles fazem parte do mundo que eu tremulamente construí e se tornaram alicerces do meu encanto pela vida. Se um deles morrer ficarei torto para um lado. Se todos eles morrerem eu desabo. Por isso rezo pela vida deles e me envergonho porque esta minha prece é dirigida ao meu bem-estar. Ela é talvez fruto do meu egoísmo. Por vezes mergulho meu pensamento sobre alguns deles. Quando viajo e fico diante de lugares maravilhosos cai uma lágrima por não estarem juntos de mim compartilhando daquele prazer.
Se alguma coisa me consome, me envelhece é que a roda furiosa da vida não me permite ter sempre a meu lado, morando comigo, andando comigo, falando comigo, vivendo comigo todos os meus amigos e principalmente os que só desconfiam ou talvez nunca vão saber que são meus amigos.
A gente não faz amigos, a gente os reconhece.