Mais que ser entendido como aditivo de acordo com o Protocolo de Kyoto (poluição do meio-ambiente), o álcool é a primeira opção para substituir o petróleo que está chegando ao fim. A nossa cana-de-açúcar pode dar lastro à base energética do planeta.
Por isso, os produtores de energia renovável sabem que terão espaço para alimentar a movimentação do mundo e não conseguem esconder a ansiedade. Existe, hoje, uma verdadeira obsessão exportadora que toma conta da cabeça dos empresários de usina e produtores da matéria-prima. É justificável, portanto, que o meio sucroalcooleiro esteja em ebulição.
Diante desse quadro, a Petrobrás reativa a sua logística visando dar escoamento rápido e eficiente à produção. O primeiro passo é tirar o máximo dos chamados CCAs – Centros Coletores de Álcool -, a fim de servir de suporte às exportações brasileiras.
Em nota, a BR Distribuidora “vê na exportação do álcool uma possibilidade de reativação desses CCAs como forma de melhorar a logística do escoamento”, conforme estampa o Estadão-Economia B5 de 6 de fevereiro que abre horizonte para o futuro da região de Araraquara.
A BR dispõe atualmente de oito centros, com capacidade estática para armazenamento de 95 milhões de litros. São três em Minas Gerais, três em São Paulo, um no Paraná (Londrina) e outro em Sergipe (Aracaju).
Até o final deste mês de fevereiro, a BR reativará o Centro Coletor de Álcool de Araraquara. Enquanto isso, o setor aguarda o projeto da Transpetro de dutos para locomoção de grandes volumes de álcool para, dessa forma, reduzir o custo logístico, hoje em torno de US$ 35 o metro cúbico no navio.
As providências de infra-estrutura, diante da certeza de o planeta ser obrigado a adotar o álcool como base energética, encontram uma barreira séria: a falta de contratos de longo prazo. Por várias razões, com predominância à presença ainda forte do combustível fóssil (que sabemos não ser renovável e está chegando ao fim), poucos se arriscam a investir somas estratosféricas para atender esses contratos de curto prazo.
Para se ter uma idéia, é ilustrativa a adesão da Usina Zanin ao programa de exportação de álcool remetendo considerável volume de Araraquara para Santos, pela rodovia. Evidentemente, pelos trilhos seria bem mais rentável, mas, os dirigentes ferroviários não se sentem seguros para injetar milhões de reais. (material rodante – locomotivas e vagões – giraria em torno de 66 milhões de dólares, sem falar do investimento nos trilhos cujos dormentes, ao que parece pelos acidentes de transporte e pequena velocidade das composições, estão com manutenção crítica). E a segurança não está atrelada à eventual escassez da produção, pois, a perspectiva dos empresários canavieiros para a safra 2006/2007 gira em torno de 2,5 bilhões de litros. O que não existe, só para reforçar, são os contratos de longo prazo.
Diante desse quadro a região central, que tem Araraquara como cabeça, deve sair à frente. Colocar ao derredor de uma ampla mesa todos as pessoas do segmento e discutir muito, até à exaustão. Têm muitos detalhes na composição dessa variante econômica que será vital para o progresso regional. Quem ignorar essa vertente, perderá tempo precioso que jamais será recuperado.
O prefeito Edinho Silva tem cacife para liderar esse macroprograma, uma questão de elencar o que queremos ser com a essencial qualidade de vida.
Uma empreitada de caráter regional, com as cores brasileiras, que não dispensa a presença de outros agentes políticos e econômicos.