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O clima afeta seu bolso

José Renato Nalini (*)

O negacionismo só vai se converter para a religião da consciência ecológica, no momento em que cair a ficha: a mudança climática afeta o seu bolso. A economia brasileira é muito afetada com as emergências derivadas do aquecimento global, gerado pela excessiva emissão de gases venenosos causadores do efeito estufa.

Não é preciso invocar o custo da reparação das áreas atingidas, o prejuízo das pessoas vitimadas, a oneração do sistema de saúde, a interrupção da produtividade e outras questões que passam à distância da discussão ambiental. Mas a economia brasileira como um todo tem sido alvo de estudos de cientistas idôneos e isentos. Sim, existe uma perversa tendência a se associar o ambientalismo à esquerda. Não é isso. Mudança climática interessa a todo ser vivo. Inclusive os humanos. Dentre estes, as vítimas preferenciais são os carentes e despossuídos.

O economista Bráulio Borges, ao escrever o artigo “Crise climática tira R$ 460 bi do PIB do agro”, cita dois pesquisadores ligados à ESALQ, a Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, da USP. São Humberto Spolador e André Danelon. A partir de três Censos Agropecuários, avaliaram quais os fatores que afetam a produtividade da agricultura brasileira.

Apuraram que, quanto maior a temperatura, menor a produção. Já em relação à chuva, embora inicialmente benéfica, se excessivas também prejudicam. O resultado deveria motivar os que praticam o “ogronegócio”, em lugar do “agronegócio”, a se comportarem melhor. Pois a produtividade sistêmica da agricultura brasileira poderia ser 3% maior, a cada ano, se as mudanças climáticas não tivessem se convertido em “emergências”.

Quando se expande a pesquisa para o agronegócio como um todo, levando em consideração insumos, agroindústria, transportes, serviços, etc, o valor da perda chega a quatrocentos e sessenta bilhões de reais. Isso é muito dinheiro e aqueles que só pensam em faturar, precisarão abrir uma brecha em sua consciência cifrada, para também se lembrar de que o lucro não vai prescindir de água, de mais árvores, de recuperação das áreas degradadas. Quando perceberem que o clima está mexendo no bolso, o seu mais sensível órgão, talvez ouçam o que a ciência tem a dizer e assumirão responsabilidades de guardiões da natureza.

(*) É Reitor da UNIREGISTRAL, docente da Pós-graduação da UNINOVE e Secretário-Executivo das Mudanças Climáticas de São Paulo.

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