Números daqui a Ibaté

Nesta semana, eu precisei ir ao Fórum de Ibaté. Daqui lá é uma viagem curtíssima, de apenas 20 quilômetros e alguns quebrados, mas minha viagem se configurou romântica e inspiradora, tudo por causa de alguns números que entraram em meu campo visual.

Saímos de casa, a Cilene e eu, cerca das 15 horas. Ao pararmos no sinal ali pertinho da Arauto, havia um carro parado na nossa frente cuja chapa era DBV-5474. Esse número despertou minha atenção, eu me fixei nele e logo percebi que poderia desdobrá-lo numa data importante, 5-4-74, exatamente a data de nascimento de meu filho caçula, cujo nome é Plínio.

Estou ilustrando esta crônica com uma foto tirada no Natal de 1974, na qual o Plínio está em meu colo, todo fagueiro. Por sinal, ele é fagueiro até hoje, embora já não consigo mais carregá-lo…

Por sinal, ele está na cidade distribuindo seu currículo, com o objetivo de se colocar num emprego no qual possa progredir e se aperfeiçoar, notadamente no campo comercial, onde a simpatia dele tem, habitualmente, conquistado a iniciativa consumista dos clientes. De minha parte, dei meu voto de confiança no futuro dele ao registrá-lo como Plínio Guaracy.

Pois bem, depois de ver a placa com o número dele, 5-4-74, segui a referida viagem para Ibaté fazendo meditações em torno da pessoa de meu filho e na profundidade filosófica e inspiradora dos números.

Ir para Ibaté favorece tais inspirações porque o nome da vizinha cidade, tirada da língua indígena Tupi-Guarani, significa "a parte alta da montanha" e o nome Plínio, do Latim, significa "pleno" ou "completo".

Evidentemente, a gente não deve transitar por uma rodovia estando distraído, mas estar envolvido em meditações, isto é bom.

Meus pensamentos de meditação se iniciaram já na subida da Av. Padre José de Anchieta, O Apóstolo do Brasil, principalmente porque dita avenida passa coladinha na Vila Melhado, onde foi criada minha querida esposa Cilene. Logo ali, do lado esquerdo, existiu uma simpática boate chamada "Flash Dance", onde dancei com a Cilene pela primeira vez.

Mais acima da subida, do mesmo lado esquerdo, avistei a placa do Ambulatório da Associação dos Fornecedores de Cana de Araraquara. Mergulhei-me em pensamentos, como num filme, pois que trabalhei naquela instituição durante 37 anos, fui Diretor Clínico e escrevia sistematicamente no lidíssimo jornal que era ali publicado.

Meus pensamentos se fixaram mais demoradamente na pessoa da atendente de enfermagem Ana Angélica, que ali trabalhou comigo e a quem destaco como sendo uma pessoa das mais dedicadas que já conheci, na missão de cuidar das pessoas doentes que nós ali atendemos durante tantos anos.

Tenho uma amizade profunda pela Ana e pelo marido dela, meu querido amigo Luiz Antonio Sério, que levei para ser gerente da Unimed quando fui Diretor da notável cooperativa médica, onde ele exerce dedicada função até hoje.

Não posso deixar de dizer aqui nestas linhas que os três filhos do casal, Cássia Rita, Júnior e André completam, com a netaiada, meu laço de amizade com a família toda. Tampouco posso deixar de dizer que a Cássia Rita nasceu em meus braços de parteiro improvisado e dela, anos depois, a Cilene e eu fomos padrinhos de casamento.

Poucos minutos depois, entramos da Washington Luís, onde, nessa viagem, eu estava afim de curtir cada quilômetro da paisagem. Após a famosa curva e a subida do Chibarro, há um trecho de planície onde existe um marco quilométrico dos mais destacados da viagem, o Km. 256. Bem ali existe um belo canavial à direita e, à esquerda, um extenso terreno ondeado, sem cultivo aparente, formando uma bela vista.

O nº 256 daquele marco quilométrico me fez mergulhar na profundidade dessa centena, de grande importância em matemática porque corresponde ao número 2, que é o número romântico, elevado à oitava potência. O número 2 é romântico porque indica o par por excelência e potência significa poder e capacidade, notadamente a capacidade de gerar.

Quatro quilômetros adiante, há um trecho em que a rodovia passa pertinho dos trilhos da estrada de ferro, onde mergulhei meus pensamentos na minha família de origem, ainda mais que a casa em que nasci ficava na margem da ferrovia. Exatamente nesse local, há um outro marco bem destacado , do Km 252.

Esse número foi dado a meu colega de Faculdade de Medicina, Jesus Moreno, otorrino no Rio de Janeiro, quando chegou da Bolívia, onde nasceu, para matricular-se por um convênio que existia na época. Esse número dele ficou fixado em minha memória porque o ouvi repeti-lo dezenas e dezenas de vezes ao responder a chamada em sua língua nativa: "dos-cinco-dôs".

É claro que fiquei a viagem toda conversando com a Cilene, mas meus pensamentos, vendo o número 252, voaram para o Rio de Janeiro nos idos da década de 50, no tempo de minha querida Faculdade de Medicina.

Dali prá frente dirigi automaticamente, em "piloto automático", como a gente costuma dizer. Quando me dei conta, já estava chegando a Ibaté, em cujo trevo está uma enorme placa indicativa do quilômetro exato da entrada da simpática cidade: Km. 247.

Da mesma forma que fiz com a chapa do carro, que deu a data de nascimento de meu filho Plínio Guaracy, coloquei um tracinho no número do Km. 247, que somente pode resultar uma data: 24-7.

Pois 24 de julho é exatamente a data de aniversário da querida amiga Ana Angélica, esposa do Luiz da Unimed, a quem cumprimento afetuosamente, com três dias de antecedência, em meu nome e em nome da Cilene.

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