Quem construiu a primeira igreja de Nossa Senhora Aparecida, na Vila Xavier? Foi uma viúva chamada Dona Maria do Vicente, este era o nome de seu marido. Ela deu o terreno e construiu com o seu dinheiro e fé. Dona Maria era uma beata e, além de seus filhos naturais, pegou outro para criar. Era negro, nosso amigo de todas as horas e nos defendia dos maiores. Fomos criados, praticamente, juntos. Quantas surras deixei de levar por causa da eficiência do Tato…
Nós íamos buscar lenha no mato, com as mulheres da Vila, e aproveitávamos para catar gabiroba, marmelo, vaca preta, cajuzinho e mil frutas que naquele tempo davam em abundância. À tarde, lá vínhamos nós com feixe de lenha porque não tinha fogão à gás. Passávamos pelo Rio de Ouro e, ainda, tomávamos o nosso banho. Depois, subíamos o “Estradão” que ia até às casas das senhoras que foram conosco buscar lenha. O fogão tinha garantido, assim, lenha por duas semanas.
A molecada, à noite, brincava de carro com farol. Era uma fumaceira danada e não era mais que uma lata furada e cheia de borracha. O nosso amigo Tato estava sempre presente.
O mais lembrado de então era Gílio que chamávamos de “pé-de-pato”. Além do Milton Bratifisch, o Carmo que era mais velho e participava das brincadeiras.
Na casa de meu pai, que era um bar, o terreno era grande e a gente fazia buracos para guardar o lixo da mangueira. Quando chovia, esses buracos eram transformados em piscina, de água barrenta, mas, deliciosa.
O tempo passou e as amizades nunca esquecidas. Um dia, estava viajando em meu Jeep e, de repente, lá estava o Tato sorrindo para mim. Quando chegamos em Araraquara soubemos que ele, o Tato que nos defendia em todas as brigas, havia morrido. Apareceu…para se despedir.