Nesta terça-feira (11), um grupo de manifestantes compareceu à sessão da Câmara Municipal para protestar contra o Projeto de Lei 21/2025. A proposta visa proibir a Administração Pública Municipal de contratar artistas, shows e eventos voltados ao público infantojuvenil que contenham qualquer forma de apologia ao crime organizado ou ao uso de drogas.
Defendendo a cultura hip-hop, funk e outras manifestações artísticas marginalizadas, mais de 20 pessoas estiveram presentes para expressar sua oposição ao projeto. Beatriz Pelegrino, representante do coletivo Caos, explicou os motivos do protesto:
“Organizamos esse movimento junto com outras iniciativas, como Slam da Morada e as batalhas de rua da cidade, porque trabalhamos com muitos jovens e crianças periféricas. Esse projeto, proposto pelo vereador Rafael de Angeli, ataca culturas já marginalizadas, como o hip-hop, o funk e o samba, que historicamente foram criminalizados. Quem realmente oferece cultura e oportunidades para essas crianças somos nós”, afirmou.
Além do impacto na cultura, os manifestantes apontaram outras políticas que, segundo eles, prejudicam a população mais vulnerável, como a redução da quilometragem mínima para acesso ao transporte escolar e cortes na verba da merenda.
Sobre a justificativa do projeto de evitar apologia ao crime
Beatriz argumentou que o texto não deixa claro quem determinará o que se enquadra nessa categoria:
“Vemos shows de sertanejo falando sobre sexo e drogas, e ninguém questiona. Já as nossas manifestações culturais sempre são alvo de censura. O movimento hip-hop busca justamente afastar os jovens da criminalidade, oferecendo novas perspectivas. Quando falamos sobre nossas vivências nas periferias, não estamos incentivando o crime, estamos relatando nossa realidade. Essa tentativa de censura quer nos silenciar e impedir que nossa comunidade se organize politicamente”, declarou.
Por fim, Beatriz convocou a população para se mobilizar:
“O povo precisa se organizar. Estamos aqui porque ninguém nos representa nessa Câmara. Precisamos lutar pelos nossos direitos, pelo transporte escolar, pela merenda e por todas as nossas reivindicações. É o povo pelo povo”, concluiu.