Mesa de conversa ‘Desvendando a Síndrome de Burnout’ foi realizada na noite de quarta-feira (16), abrindo programação que prossegue durante a semana
Informações e orientações sobre a Síndrome de Burnout, doença caracterizada pelo esgotamento físico e mental por excesso de trabalho, foram apresentadas na mesa de conversa “Desvendando a Síndrome de Burnout”, na noite de quarta-feira (16), no Plenário da Câmara Municipal.
A atividade integrou o evento “(Re)Conecte-se: Transformando Vidas e Trabalho!”, realizado pela Escola do Legislativo em parceria com Marcela Reis, consultora em gestão jurídica e de pessoas, dentro da “Campanha Municipal de Combate e Conscientização a Síndrome de Burnout” — instituída por lei municipal em 2010.
A psicóloga Andreza Bolato, especialista em desenvolvimento humano, organizacional e gestão de carreiras, fez um relato do que é o burnout, os principais sintomas e o que causa a síndrome — reconhecida como doença pela Organização Mundial da Saúde (OMS) desde 2022.
“O burnout é uma síndrome do esgotamento profissional. É quando a gente realmente fala assim: ‘Eu não consigo mais. Eu cheguei ao meu limite e preciso parar e olhar para mim’. E isso é muito difícil, porque as pessoas não fazem isso com tanta frequência, não querem enxergar que aquele é um momento muito difícil e que elas precisam entender o que acontece”, declarou Andreza.
Entre os sintomas que podem acender o alerta para um possível caso de burnout estão cansaço excessivo físico e mental, dor de cabeça frequente, alterações no apetite, insônia, pressão alta, dores musculares, problemas gastrointestinais e alteração nos batimentos cardíacos. Também podem ocorrer dificuldades de concentração, alterações de humor, sentimentos de desesperança e insegurança, entre outras questões emocionais.
A psicóloga apresentou as três principais fases da doença: a negação (não acreditar que os sintomas podem ocorrer devido a um burnout), a despersonalização (quando a pessoa se afasta dos amigos e da família) e a exaustão (quando a pessoa perde suas forças e ocorre a sensação de vazio e desânimo).
Andreza destacou que não é somente quem odeia o trabalho que pode sofrer com o burnout. Isso também pode acontecer com a pessoa que gosta do que faz e se dedica em excesso à vida profissional, negligenciando seu próprio bem-estar.
2º do mundo
Marcela Reis, que é burnoutada em reabilitação, apresentou um estudo que coloca o Brasil no segundo lugar em casos de burnout no mundo (atrás apenas do Japão), com 30% dos trabalhadores brasileiros sofrendo com a doença, segundo a International Stress Management Association (Isma).
A especialista ressaltou que o burnout não afeta somente os profissionais, mas também a sociedade, as empresas e o Judiciário (foram mais de 4 mil processos trabalhistas sobre a doença entre 2020 e 2022).
“Eu demorei anos para receber o diagnóstico [de burnout]. Durante esses anos todos, eu sofri muito, porque eu não sabia o que eu tinha. Foi muito importante eu buscar ajuda. Ainda estou em tratamento, mas posso dizer que tenho uma vida muito melhor, que eu me sinto melhor. Consigo fazer uma atividade física, expressar o que eu estou sentindo, falar mais ‘nãos’, que era algo que eu não conseguia falar. É muito importante a gente ficar atento aos sintomas e buscar ajuda”, disse a consultora.
Marcela explicou que a primeira ajuda pode ser procurada em uma consulta médica com um clínico geral. O caso pode ser encaminhado para terapia com psicólogo e, se necessário, para um acompanhamento com psiquiatra.
‘Primeiro passo’
O evento ainda teve participação do advogado, pós-graduado em psicanálise e escritor Cláudio Miranda, que relatou um caso de depressão enfrentado e falou sobre as ferramentas utilizadas por ele para superar a doença.
“Cada pessoa tem sua beleza. Só não deixe ela se apagar. Quando você percebe que está ficando fraco, não está conseguindo seguir, saiba que tem ajuda. Muitas vezes, é difícil dar o primeiro passo, mas ele é um passo importante. Dê o primeiro passo, procure as pessoas para te ajudarem a chegar onde precisa”, afirmou.
Autoestima
A psicanalista e professora Thai Batistuti enviou um vídeo transmitido no evento. Depois de abordar a relação entre autoestima e burnout, ela apresentou orientações para que a pessoa consiga melhorar a avaliação que faz de si própria: ter autocompaixão, traçar objetivos realistas (e comemorar quando alcançá-los), cuidar da saúde física e mental, evitar comparações, aprender a dizer ‘não’ e praticar afirmações positivas.
Felicidade
A mesa de conversa foi mediada pela vice-presidenta da Escola do Legislativo, vereadora Fabi Virgílio (PT), que destacou a importância da saúde mental e da relação saudável com o trabalho. “Quando a gente faz a análise do Direito do Trabalho, a gente vê os avanços significativos que tivemos. No início do século 19, a gente tinha uma jornada de trabalho de 16 horas, e hoje a gente tem uma jornada de oito horas. Mas outras subjetividades e objetividades acabam acontecendo ao longo dessa evolução”, disse Fabi.
A parlamentar ainda mencionou o indicador Felicidade Interna Bruta (FIB), desenvolvido pelo país asiático Butão (considerado o mais feliz do mundo) em contraponto ao Produto Interno Bruto (PIB), que mede a atividade econômica dos países. “Ele está nos falando: ‘Vocês estão no caminho errado'”, opinou.
A atividade foi transmitida ao vivo pela TV Câmara, pelo Facebook e pelo YouTube. A íntegra continua disponível para visualização.
Exposição
Também na quarta-feira, uma exposição com o tema do evento foi aberta no saguão da Câmara Municipal (Rua São Bento, 887, Centro). A mostra estará disponível para visitas até o dia 31 deste mês, de segunda a sexta, das 9 às 18 horas.
A programação continua nesta quinta-feira (17), às 19 horas, na Câmara Municipal, com o tema “Saúde da Mulher e Estresse”. No sábado (19), às 8h30, no Centro de Referência da Mulher, será realizada a oficina prática “Recuperação e bem-estar”.
“(Re)Conecte-se: Transformando Vidas e Trabalho!” – próximos eventos
Quinta-feira (17), às 19 horas – Câmara Municipal
Tema: Saúde da Mulher e Estresse
Palestrantes: Larissa Chrispim (médica ginecologista e mastologista), Janaína Linhares (educadora física com formação em Pilates, Move Flow e estudo da Fascia) e Juliana Superbi (psicóloga com formação em Terapia Cognitivo Comportamental, pós-graduanda em Psicologia Perinatal e da Parentalidade (Psicologia da Maternidade)).
Sábado (19), às 8h30 – Centro de Referência da Mulher
Oficina Prática: Recuperação e Bem-Estar
Palestrantes: Mirian Bolonheze (fisioterapeuta com formação em Pilates), Janaina Linhares (educadora física com formação em Pilates, Move Flow e estudo da Fascia) e Niege Rocha (professora de dança)
(Setor de Imprensa – Câmara Municipal de Araraquara)