Escândalos envolvendo padres, acusados de pedofilia, abriram um debate sobre aspectos da sexualidade dos padres, como o celibato, e fizeram com que o Vaticano começasse a preparar um documento que poderá impedir que homens com tendências homossexuais se tornem padres.
A informação foi divulgada pela agência Reuters e publicada em matéria do jornal Folha de S.Paulo no último dia 6.
Se não sofrer alterações, o documento exigirá que bispos e diretores de seminários impeçam que esses homens ordenem-se, sustentado nos ensinamentos tradicionais da Igreja de que é pecado realizar atos homossexuais.
Para alguns membros da igreja, a orientação homossexual não deveria ser impedimento para o recebimento do sacramento da ordem, e sim a falta de vocação.
O cristão Dionísio, 47 anos, da comunidade da Igreja Nossa Senhora das Graças, considera o documento uma “aberração”. “Pode ocorrer tendência (jeito de …), mas racionalizar a atitude de celibatário. Este documento é um prejulgamento, um pecado da própria igreja. O homem de tendência homossexual não é filho de Deus? Ou será que Deus ‘escolhe’ só os machões para filho?”, defendeu.
Contrário à essa opinião, Edson, 42 anos, considera o documento uma forma de assegurar que homens homossexuais não passem por constrangimentos e não coloquem em “dúvida” os ensinamentos da igreja. “Num ambiente masculino, fica mais difícil para o homossexual manter o celibato. Impedindo o recebimento do sacramento da ordem, a igreja diminui as chances de cair em contradição, uma vez que ensina que a inclinação homossexual é uma desordem”.