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Histórias de Bêbados

João Baptista Galhardo (*)

Histórias de bebedeiras seria o melhor título. Porque nem toda eventual embriaguez induz que a pessoa seja cachaceira. A verdade é que o alcoolismo é uma doença (ou dependência) que merece atenção e cuidado. Mais da metade dos duzentos e vinte crimes contra a vida, julgados pelo Tribunal do Júri de Araraquara, onde participei como Escrivão, foi cometida por réus alcoolizados. Sem se falar nos homicídios culposos de trânsito praticados pelos “esponjas” irresponsáveis. Uma boa terapia para o alcoolismo seria a fotografia ou filmagem. O viciado seria flagrado chumbado, naquelas posições e com feições próprias do chambregado: sonolento, bocejando com os olhos vesgos, pisando à procura de um degrau inexistente, dormindo em mesa de qualquer lugar ou com a cara de bravo, querendo agredir todo mundo. E em muitos outros comportamentos burlescos. Depois seria lhe mostrada toda sua ridiculez, quando estivesse sóbrio. A bebedeira passa por vários estágios: no primeiro, toma um gole. É simpático, sorridente, sociável. No segundo, é o mais inteligente do mundo, tem solução para todos os problemas (juros, inflação, desemprego, etc). No terceiro, é o gostosão. Todas mocinhas dariam a vida para ficar com ele. No quarto, já com a visão turva, passa a achar todas as mulheres lindas. No quinto, fica valente. É o homem mais forte do mundo. Passa para os desafios. No sexto, é o mais rico. Quer pagar a conta de todos. Convida os companheiros de copo, para festas em sua casa, que nunca se realizam. No sétimo, aí já perdendo o senso, pensa que é invisível. Quebra copo, garrafa, mexe com a mulher dos outros, cochila, vomita, convicto de que ninguém está vendo e no oitavo, é o estágio da amnésia etílica: jura por Deus que nem saiu de casa. Não se lembra de nada. Não é só o homem. Mulher bêbada também é insuportável. Perde o senso do ridículo. Humilha o marido em público, falando dos seus insucessos no leito conjugal, sem perceber que a causa principal está, sem dúvida, na sua halitose natural e ou provocada pelo álcool. Aliás, diga-se de passagem, o mau hálito é o maior anticoncepcional do mundo. O bêbado foi sempre alvo de jocosidade. Do site português “gastronomias”, que mistura muito bem, receitas com bom humor, extrai-se a seguinte chalaça: “Um bêbado comprou e levou para casa, dez garrafas de cachaça. A mulher o obrigou a jogar tudo fora. Ele pegou a primeira garrafa e deu um beiço. Bebeu um copo e jogou o resto na pia. Pegou a segunda garrafa, bebeu um copo e jogou o resto na pia. Pegou a terceira garrafa, bebeu o resto e jogou o copo na pia. Pegou a quarta garrafa, bebeu na pia e jogou o resto no copo. Pegou o quinto copo, jogou a rolha na pia e bebeu a garrafa. Pegou a sexta pia, bebeu a garrafa e jogou o copo no resto. Pegou a sétima garrafa, pegou no resto e bebeu a pia. Pegou no copo, bebeu no resto e jogou a pia na oitava garrafa. Jogou a nona pia no copo, pegou a garrafa e bebeu o resto. O décimo copo, pegou a garrafa no resto e se jogou na pia. E não se lembra o que fez com a mulher”. Enfim, o bêbado é sempre um chato, inoportuno e inconseqüente. Desmorona a família, dá péssimos exemplos aos filhos, estraga reuniões festivas, cívicas e até mesmo religiosas. Numa cidade do interior um padre irritado com um bêbado que perturbava as missas, perdeu a concentração e disse que Jesus havia feito um grande milagre usando 5000 pães e 2000 peixes para matar a fome de 5 pessoas. Os fiéis indignados foram embora. No domingo seguinte, advertido pelo sacristão, o padre repetiu aquele sermão, mas desta vez corretamente. Não deu outra. O mesmo bêbado levantou e disse: “esse milagre até eu faria. Com o tanto que sobrou do domingo passado….” Um sujeito, vendo um aglomerado de gente, que entoava uma ladainha num salão, entrou e se dirigiu a uma pessoa: “madame a senhora me concede esta contradança? “Não”. Respondeu ela. Primeiro: porque o senhor está bêbado. Segundo, porque isto aqui é um velório. Terceiro, não se dança o Pai Nosso. E quarto… madame é a sua mãe. Eu sou o Padre da Igreja local”.

Nota da Redação: A crônica de abril do ano passado é reprisada para atender a solicitação do leitor J.R.B.

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