Luigi Polezze
É um dos corredores comerciais mais movimentados de Araraquara, e trás décadas de história, desenvolvimento e desafios. Marcada pelo aumento de estabelecimentos e fluxo constante de veículos, a avenida, que se estende até a entrada da cidade, hoje abriga diversidade de negócios e enfrenta dilemas de infraestrutura que persistem há anos.
Nos anos 1960, a avenida ganhou destaque como ponto central para corridas automobilísticas, atraindo ídolos nacionais e entusiastas de várias partes do Brasil. Na época, o governo brasileiro começava a incentivar a fabricação de veículos nacionais, e a promoção de corridas era um incentivo para fomentar o mercado de automóveis. Com carros como os famosos DKV, veículos de 1000 cilindradas e motor dois tempos.
Na época, negócios locais, como a farmácia Lima e Porsani, eram centrais na vida dos moradores. A farmácia, tornou-se um ponto de referência e ajudava a forjar laços fortes na região. Um dos relatos mais marcantes é o da confiança mútua entre os comerciantes e clientes. Exemplos como o de “Pé de Braza”, vendedor de carros que confiava a venda sem prazo rígido de pagamento, ilustram a generosidade e o caráter colaborativo da comunidade.
A avenida também teve personagens marcantes. Dona Maria, uma mulher batalhadora que gerenciava um bar local, era adorada e respeitada por todos, enquanto Mané Alho, um benzedor famoso da região, trouxe um aspecto místico à vida cotidiana. Esses personagens contribuíram para o charme e a rica cultura da Avenida 36.
A popularidade da Avenida 36 foi impulsionada pela transição do trânsito em Araraquara. Enquanto outras avenidas, como a 7 de Setembro, passaram a ser menos acessíveis devido a mudanças no sentido das vias, a 36 tornou-se importante corredor para o crescente número de veículos na cidade. Também começou a receber núcleos habitacionais e centros comerciais, oferecendo serviços que iam de autopeças a academias e lojas especializadas, moldando o desenvolvimento urbano em seu entorno.
A Avenida 36 não foi projetada para ser um centro icônico de Araraquara, mas ao longo das décadas, eventos e transformações inesperadas a tornaram uma parte vital da cidade. De modo que o aspecto familiar foi sendo substituído pela expansão comercial. Novos prédios e estabelecimentos tomaram o espaço das antigas residências, e se tornou uma das principais artérias da cidade, um eixo de trânsito pesado e de desenvolvimento econômico. No entanto, essa modernização trouxe consigo a perda da antiga sensação de comunidade. Eventos e decorações de época, que antes uniam os moradores, tornaram-se raros.
Hoje, para quem acompanha o movimento da 36 há décadas, como um comerciante que está na região há 25 anos, a avenida mudou pouco em sua estrutura ao longo dos anos. Destacam que um dos principais problemas é a falta de drenagem adequada, o que resulta em alagamentos em períodos de chuva intensa. Além disso, com o aumento do trânsito, fica cada vez mais difícil transitar pela avenida, especialmente em horários de pico. A questão do espaço é outra preocupação: a sugestão de muitos comerciantes é que a avenida seja alargada, aproveitando o espaço das calçadas para melhorar o fluxo de veículos e criar mais vagas de estacionamento, facilitando o acesso ao comércio. Empresários acreditam que a 36 está em crescimento acelerado, com novas lojas surgindo rapidamente.
O JA agradece o Benê, do Escritório Benê; Borsari, da Casa de Carnes Borsari; e ao Porsani, antigo farmacêutico pelas contribuições a cultura da cidade .
Foto: RCIAAraraquara