Fofoca e perversidade: fruto envenenado!

Marilene Volpatti

O boato, como todo preconceito, maltrata e prejudica, mesmo se houver o fundo de verdade.

Você sabia?

Pode estar certo que aí vem bala. Em 99% dos casos esta pergunta indica uma história divertida ou escabrosa, envolvendo uma série de prejuízos sobre o que alguém fez ou deixou de fazer e está para ser divulgada.

Interessar-se pela vida do próximo, manter-se informado sobre o que se passa à nossa volta ou comentar acontecimentos sociais com os amigos são coisas que poucas pessoas conseguem fazer sem ultrapassar o respeito e a consideração para com os outros.

Pimenta

Para especialistas, falar do outro é criar um fato diferente do que se viu, com o intuito de desqualificá-lo ou esconder uma verdade que ele quis divulgar.

Uma coisa é falar de alguém e outra é contar um fato criando cenas com conteúdos que só quem está contando quer difundir, tornando-se, portador, autor do acontecimento. É o prazer de inventar história.

Mas o falar mal está carregado, na maioria das vezes, de sentimento bem menos nobres do que o simples inventar e se presta a objetivos pouco elevados, como desqualificar, derrotar o oponente numa competição, exercer controle social ou, pior, exteriorizar o preconceito ou a pura maldade.

Há pessoas corajosas de destruir, de praticar a maldade, que muitas vezes se apresenta sob a capa do preconceito. O mecanismo de que se vale o preconceituoso, ao falar do seu alvo, é abreviar a narrativa do fato, suprimindo da história o seu contexto aceitável para prejudicar o protagonista e criar um efeito desfavorável sobre quem ouve a narrativa. por exemplo “fulano foi visto em trajes sumários”, mas não explica que estava a beira da piscina de sua casa tomando sol.

Fonte de fofoca

Outra fonte importante de fofoca é o controle social que está personificado nas línguas temíveis das “tias” e “vizinhas”, principalmente nas cidades pequenas e de porte médio.

Mas por que algumas pessoas sentem a necessidade de reprimir o comportamento alheio? Analistas explicam: “quando os costumes mudam, eles exigem uma nova atitude também de quem impõe as regras, e isso pode levá-lo a perder o controle da situação. Isso acontece, geralmente, com pessoas de mais idade e por isso, menos flexíveis a fatos novos”.

Jovens e crimes políticos

Jovens também fazem fofoca quando têm em mente, por exemplo, prejudicar um concorrente, usando o fuxico como arma numa competição.

“Tomando a questão por um outro lado, a fofoca pode ser uma vivência da sexualidade, isto é, um prazer com traços de sadismo, deslocado para a vida social, e com graus variados de insanidade”, afirmam os psicólogos.

Até certo ponto, a fofoca é um impulso normal do dia-a-dia, marcado pela quebra de uma regra ética ao trazer a público o que é para ser deixado entre quatro paredes.

A fofoca é universal, embora seja considerada, por uma grande maioria, uma característica da cultura brasileira da impunidade, da superficialidade das investigações sobre crimes políticos e sociais que não conseguem chegar aos tribunais, punir os culpados. Pelo contrário, usam da mídia para distrairem o povo, ocupando o lugar de fatos relevantes.

Domínio

Um outro objetivo do fofoqueiro é exercer domínio sobre os demais como compensação por suas frustrações e ressentimentos. Ele sempre se faz de coitadinho e acha que os outros devem pagar pela sua falta de poder, falta de capacidade.

Contra fofoca não há defesa, afirmam os analistas, pelo menos no âmbito privado, pois, quanto mais alguém procura rebater o que é dito pelos quatro cantos da cidade pelo caluniador, mais autoridade lhe é conferida, mais reconhecida é sua legitimidade. Uma maneira para amenizar a situação, sempre constrangedora, é a vítima destruir toda a autoridade do seu ego (a parte que se preocupa com que os outros vão dizer e que quer satisfazer as expectativas sociais), e, em seu lugar, fortalecer o seu eu.

Uma outra maneira de nocautear alguém de língua felina é desmoraliza-la publicamente com uma condenação judicial, nocauteando-a ao mesmo tempo com um golpe certeiro em seu lugar mais sensível: o bolso! Quantas pessoas anseiam por isto, hoje em dia, baseando-se nas perdas e danos morais?

A verdade é que a língua comprida, irresponsável e solta para fazer sucesso fugaz, levando vantagem em cima da desgraça dos outros está, felizmente, com os dias contados.

Serviço

Consultoria: Drª Tereza P. Mendes – Psicoterapeuta Corporal – Fone:- 236-9225.

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