Falha dos EUA causou morte de cinegrafista da Reuters–relatório

Barry Moody

Falhas militares dos Estados Unidos contribuíram para a morte de um cinegrafista da Reuters atingido por um soldado norte-americano no Iraque em agosto, disse um relatório da agência de notícias na quinta-feira.

Em um extenso documento sobre a morte de Mazen Dana, a Reuters afirma que a tragédia podia ter sido evitada, e rejeita o resultado de uma investigação feita pelo Exército dos EUA, que concluiu que o disparo foi justificado.

A agência disse que algumas das conclusões da investigação “não são sustentadas pelas evidências, e as evidências como um todo não sustentam a conclusão de que o disparo foi ‘justificado’ considerando-se as circunstâncias”.

Dana, um premiado cinegrafista palestino, foi morto por um tiro de fuzil disparado a partir de um tanque norte-americano na frente da prisão de Abu Ghraib, em Bagdá, no dia 17 de agosto.

Uma investigação norte-americana divulgada em março disse que o soldado tinha certeza “razoável” de que Dana estava prestes a disparar uma granada lançada por foguete. Ele achou, segundo a apuração, que a câmara era um dispositivo de lançamento.

O relatório da Reuters rechaça essa conclusão e diz que o tiro fatal foi o “subproduto de todo um sistema — um sistema que nesse caso demonstrou falhas significativas, incluindo o modo como os militares se comunicam, o modo como treinam seu pessoal e as regras e os procedimentos que governam sua conduta em ação”.

“Essas falhas precisam ser discutidas”, afirma o texto, elaborado pelo departamento jurídico da Reuters. O relatório também ressalta a necessidade urgente de uma revisão nos métodos como as Forças Armadas dos EUA investigam suas próprias ações, sem fiscalização independente, em casos como a morte de Dana.

O relatório apóia as recomendações do Pentágono para mudanças nas práticas militares de modo a garantir a segurança de jornalistas, mas afirma que o fato de que nenhuma delas tenha sido adotada até agora é “preocupante”.

A Reuters pressionou o Pentágono a implementar as recomendações, que incluem o aperfeiçoamento da comunicação e da coordenação entre unidades militares dos EUA e uma divulgação maior da presença de jornalistas nas zonas de guerra.

O editor global da Reuters, David Schlesinger, disse: “Nossa investigação sobre a trágica morte de um ótimo jornalista que fazia seu trabalho deixa clara a necessidade urgente de melhorar a situação para a mídia no campo de batalha.”

Para isso, a Reuters está organizando uma conferência entre autoridades do Pentágono e grandes organizações de mídia em Washington, prevista para a semana que vem, para discutir a segurança dos jornalistas.

Segundo o relatório da Reuters, uma comunicação mais eficiente entre unidades militares poderia ter salvo a vida de Dana.

Falhas de comunicação também foram decisivas na morte de outro cinegrafista da Reuters, o ucraniano Taras Protsiuk, em um ataque ao hotel Palestina, em Bagdá, por tanques norte-americanos. O ataque, em abril do ano passado, também matou o jornalista espanhol José Couso.

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