Gilmar Silvério (*)
A escola deve ser o espaço privilegiado para o exercício da cidadania. Isso significa preparar as pessoas para que saibam encarar seu papel na sociedade. Para tanto, é preciso construir um processo participativo e democrático que começa por transformar o ambiente escolar em cenário que reproduza o dia a dia.
Daí que se não tivermos o devido cuidado com nossas crianças e adolescentes, não alcançaremos o objetivo maior da educação: formar cidadãos capacitados a enfrentar desafios do mundo. A construção desse olhar passa necessariamente pelo fortalecimento dos conselhos de escola, que não podem ser encarados como algo burocrático. Os tempos são outros. Pais, professores e funcionários devem ter uma participação ativa nesse processo, auxiliando inclusive na sua organização. Em Santo André, em universo de 32 mil alunos da rede municipal, mais de 11 mil pessoas votaram na criação desses conselhos.
O desafio, permanente, é que os conselhos sejam ouvidos e tenham atuação significativa para criar uma escola aberta à participação de toda a comunidade. Mas é preciso ir além para consolidar um ambiente escolar efetivamente democrático. Por isso, nossa decisão de engajar os próprios estudantes, por meio de representantes escolhidos por eles, nas reuniões dos conselhos.
A ideia é que os alunos possam pensar em propostas para a cidade de seus sonhos. Ou seja, é cidadão ultrapassando os limites do muro da escola. Para incentivar há inclusive o Plano Plurianual Estudantil, ocasião em que a "cidade do futuro" é discutida por quem irá viver nela.
Esse esforço todo resultou na criação dos conselhos mirins. Alunos de até dez anos se organizam para construir um ambiente educacional mais interessante, significativo e autônomo. Com isso, estamos incentivando nossos pequenos cidadãos a participar da construção de uma cidade mais humana, alegre e feliz.
(*) É professor da rede estadual e secretário de Santo André. E-mail: gsilverio@santoandre.sp.gov.br.