A reintegração de posse em uma área do Parque Oeste Industrial, em Goiânia (GO), deixou dois invasores mortos a tiros nesta quarta-feira. A assessoria de imprensa da Polícia Militar afirma que os tiros não foram disparados pela corporação. Há registro de 26 feridos, sendo quatro em estado grave.
Segundo o tenente-coronel Carlos Antonio Elias, assessor de imprensa da PM, os policiais não usavam armas letais na área onde as vítimas foram encontradas. “A Polícia Militar não usou arma letal nessa região”, disse à Folha Online. Ele afirma que, no local, foram usadas balas de borracha e bombas de efeito moral.
A perícia deverá analisar a munição utilizada. Os nomes das vítimas ainda não foram confirmados.
Confrontos marcaram os trabalhos de reintegração. Na madrugada de terça, um conflito entre policiais militares e sem-teto terminou com um tenente baleado. Segundo lideranças dos sem-teto, dois invasores também foram atingidos.
Na manhã desta quarta, os moradores da área queimaram pneus e montaram barricadas para dificultar a operação de reintegração. A área foi isolada, e comerciantes foram orientados a fechar as portas por medida de segurança. A PM ocupou a área por volta das 9h20.
A Polícia Militar diz que, apesar do clima tenso, a situação está controlada. De acordo com Elias, as famílias estão sendo cadastradas pelo governo do Estado.
Ocupação
A área foi ocupada em maio de 2004 e batizada pelos invasores de Condomínio Sonho Real. Entre 3.000 e 4.000 famílias –cerca de 12 mil pessoas– construíram suas casas no local.
A reintegração de posse foi dada pela 10ª Vara Cível de Goiânia em setembro de 2004. O governo estadual tentou negociar com os sem-teto para que a desocupação fosse feita de forma pacífica.
Segundo o advogado Miguel Ângelo Cançado, que representa os proprietários do terreno, o valor da área –localizada em uma região próxima a condomínios de luxo– é de R$ 38 milhões.
Famílias
A Agehab (Agência Goiana de Habitação) cadastrou entre os meses de dezembro e janeiro 1.837 famílias no local e começou a fazer uma triagem para identificar quais delas teriam direito a serem beneficiadas pelos programas estaduais.
Segundo o presidente da Agehab, Álvaro César Lourenço, caso desocupem a área pacificamente, o governo prometeu que as famílias que se encaixarem nos critérios dos programas habitacionais receberão um lote num terreno de área urbana e R$ 5.000 para a compra de material de construção.
Caso resistam, Lourenço disse que as famílias serão levadas para ginásios estaduais.
No dia primeiro deste mês, a Justiça de Goiás decretou a prisão temporária de 23 líderes da invasão. Ninguém foi detido ainda. Segundo o delegado que cuida do caso, Waldir Soares, as prisões deverão ser efetuadas no momento da desocupação.