Do País de jovens ao de idosos

Tenente Dirceu Cardoso Gonçalves (*)

Daqui a 17 anos – em 2041 – a população brasileira deixará de crescer e passará a encolher. A previsão é do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), o órgão encarregado de realizar o Censo e desenvolver as políticas populacionais.

Segundo a estimativa, a nossa população chegará, naquele ano, a contar 220.425.299 habitantes e começará a diminuir, regredindo a 199.228.708 no ano de 2.070. O fenômeno se dará em razão da queda no número de nascimentos, o que levará o volume de óbitos (dos idosos, desgastados pelo tempo) ser maior do que o de novos brasileiros.

O envelhecimento do povo já vem sendo registrado há décadas pelos levantamentos do próprio IBGE. Denomina-se bônus demográfico a existência de mais jovens que idosos; os primeiros, em idade produtiva, contribuem para a expansão da economia nacional, enquanto os outros, têm problemas porque já saíram da faixa laboral e tendem a elevar as despesas com saúde, previdência social, etc.

Estima-se que o bônus demográfico, presente na economia nacional nos últimos 50 anos, estará exaurido antes de 2030, quando a maior parcela da população já estará composta por idosos. De 2000 a 2023, o número de idosos (com mais de 60 anos) na população brasileira quase duplicou, crescendo de 8,7% para 15,6%. A previsão é chegar a 37,8% em 2070. Já, o total de crianças (0 a 14 anos) recuou entre 2000 e 2022, de 24,1% para 19,8% da população. Em 1980, a população infantil era 38,2% e os idosos apenas 4% dos brasileiros.

Entre 2000 e 2023, a idade média da população subiu de 28,3 para 35,5 anos, devendo chegar a 48,4 em 2070. Naquele ano, nossa pirâmide populacional estará inteiramente invertida, advertiu o pesquisador Márcio Mitsuo Munigushi ao apresentar o levantamento do IBGE sobre a evolução populacional do País.

Os primeiros números do Censo 2022, divulgados no ano passado, já mostravam que o País registrava o menor crescimento populacional em 150 anos. De 2010 a 2022, a taxa média de crescimento anual foi de 0,52%, a primeira abaixo de 1% e a menor desde o primeiro levantamento populacional, feito no Brasil, em 1872.
A mudança do perfil etário dos brasileiros decorre da opção das famílias por terem menor número de filhos e de, no outro extremo, os idosos viverem mais, favorecidos pelos avanços nos tratamentos de saúde e na disponibilidade de medicamentos.

O novo quadro – com menos jovens e mais idosos – deverá ser identificado a partir de Alagoas e Rio Grande do Sul (2027), Rio de janeiro (2028), .Maranhão (2034), Bahia (2035), São Paulo e Piauí (2037), Rio Grande do Norte, Pernambuco e Minas Gerais (2039), Rondônia (2041), Sergipe (2042), Distrito Federal, Ceará e Acre (2043), Paraná e Paraíba (2045), Amapá (2046), Espírito Santo (2047), Pará (2048), Tocantins (2049), Mato Grosso do Sul (2053), Amazonas (2054), Goiás (2056) e Santa Catarina e Roraima (2084).

Ocorridas as alterações previstas, o Brasil deixará de ser o país jovem de tantas gerações, para se converter na nova nação de idosos. Governos, parlamentares, lideranças da sociedade e a população como um todo que se preparem para o novo tempo. Levem em consideração que teremos menos jovens para trabalhar fisicamente, mas a tecnologia nos legou computadores, processos automatizados, Inteligência Artificial e outros sistemas onde a máquina trabalha e proporciona produção e rendimento maior do que o ser humano. Um exemplo disso é a indústria sucroalcooleira que utilizava milhares de cortadores de cana e hoje faz tudo com máquinas até controladas por satélite e de produção muito superior. Continuam (e até aumentam) o rendimento empresarial e a arrecadação de impostos pelos governos.

Com a entrada das máquinas – que atuam em todos os setores e não tem necessidades humanas – saúde, alimentação e outras – cai por terra a antiga premissa de que precisávamos de grande número de jovens trabalhando para sustentar o contingente de aposentados, que já cumpriram seus compromissos com a sociedade. A nova produtividade garante os tributos que o governo tem o dever de aplicar no bem-estar da população e na assistência àqueles que deram sua força de trabalho quando a produção dependia do humano. A tecnologia tem de ser bem aproveitada para compensar os investimentos que a desenvolveram e disponibilizaram ao parque produtivo e os governos têm de resgatar seus compromissos. Os aposentados – independente do setor onde atuaram – já fizeram sua parte e agora têm se ser respeitados e bem tratados para viver com dignidade o tempo que lhes resta, pois já cumpriram com a sua parte para o desenvolvimento e bem estar do País . Não deveriam ter a necessidade nem de trabalhar, se esse não fosse o seu desejo decorrente de boa condição de saúde.

O envelhecimento da população é um fenômeno mundial e começou pelas potências. Todo país onde a economia de mercado se instala, até por razão econômica, tem famílias cada dia menos numerosas e idosos mais longevos como decorrência do avanço da medicina e de fatores econômico ambientais. China, Índia, EUA, Japão e Rússia vivem há tempos esse fenômeno que se avizinha no Brasil e outras nações. Suas soluções poderão nos atender. É conveniente pesquisá-las….

(*) É dirigente da ASPOMIL (Associação de Assist. Social dos Policiais Militares de São Paulo)

Foto Ilustrativa Freepik

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