Padre Fernando Fraga
Conta-se que um capitão, ainda bastante jovem, tinha acabado de se formar na escola de oficiais da Marinha e estava servindo num grande navio de guerra. Sua frota estava fazendo exercício num arquipélago, em meio a milhares de ilhas. Eles já estavam chegando ao final do dia, o tempo estava péssimo com névoa densa e a visibilidade muito ruim. Num certo momento o vigia avisou o comandante que havia uma luz piscando do lado direito. O comandante perguntou se a luz estava constante ou em movimento e o vigia conformou que a luz estava parada no curso de colisão. O comandante mandou uma mensagem para o suposto navio informando que ele estava numa rota de colisão e que seria necessário mudar seu curso 20ºgraus, imediatamente! Recebeu a seguinte mensagem: É melhor vocês mudarem seu curso imediatamente. O capitão pensou que a tripulação do outro navio não sabia quem ele era e transmitiu outra mensagem: Eu sou um capitão, por favor, mude seu curso em 20º graus. Veio outra mensagem: eu sou um marinheiro de segunda classe senhor e estou alertando. É preciso mudar o curso do seu navio, senhor! O comandante ficou enfurecido e enviou sua mensagem final. Estou no comando da mais importante frota, não podemos manobrar tão rápido. Mude seu curso imediatamente, isto é uma ordem. Então o comandante recebeu a mensagem final: Senhor, é impossível mudar a nossa rota. Isto aqui é um farol e eu sou apenas um faroleiro. Ao longo da sua trajetória evolutiva não foram poucas as vezes que homens, investidos de cargos importantes ou em posições de destaque, têm-se deixado levar pela soberba e pela vaidade a ponto de não perceber a realidade que os cerca. A história registrou inúmeras dessas situações, mas, a mais célebre foi a ocorrida com Jesus, quando o Mestre de Nazaré se posicionou diante dos doutores das leis, dos poderosos, dos que se julgavam acima do bem e do mal, qual farol iluminando a noite escura dos corações. Foi crucificado, aqueles homens não admitiam que um simples carpinteiro sem títulos nem riquezas materiais, pudesse-lhes indicar o rumo que deveriam seguir para evitar o naufrágio da escuridão, das próprias trevas. Investidos dos poderes transitórios e das glórias terrenas, fecharam os olhos para a grande luz que veio à terra para iluminar consciências e perfumar corações. Enfeitiçados pelo brilho do ouro desdenharam o maior tesouro já conferido à humanidade. Pseudos-sábios, iludidos pela prepotência do falso saber desprezaram aquele que foi e continua sendo o maior sábio de que se tem notícia. Cegos pelos preconceitos de raça, de casta e de religião, não aceitaram a orientação do sublime farol que veio a esse mundo de misérias para conduzi-lo ao porto seguro de um reinado diferente que ele próprio exemplificou. E não obstante tantas existências oferecidas aos poderosos daquele tempo, e por alguns da atualidade, o divino farol continua orientando os que, cansados de se debaterem nas noites escuras dos sofrimentos e nas tempestades geradas pela ignorância, desejam chegar a um porto seguro e assim prosseguir até que todas as ovelhas do afresco voltem, conforme ele mesmo afirmou. JESUS é a estrela de primeira grandeza, se fez na terra um humilde carpinteiro para se achegar aos corações doridos daqueles que estavam dispostos a saciar a sede de esperança e seguir seus passos luminosos e, embora desprezado por muitos, continua sendo o divino farol a indicar o caminho que conduz ao pai, através dos seus luminosos ensinamentos.
REFLEXÃO DA SEMANA:
Eduquem os meninos… e não será preciso castigar os homens! (Pitágoras)