Um certo dia, numa dessas brincadeiras em reuniões de amigos, o Naddeo pediu: "não parem nenhum relógio, não desliguem o telefone. Não evitem o latido do cão, nem silenciem os violões. Façamos uma festa ruidosa regada a campari".
Bem, Naddeo se foi. E agora José, será que a festa acabou?
Não, de forma alguma, do jeito que ele pediu a festa será eterna pois também sua presença entre nós será sempre marcada por essa passagem de 10 anos por Araraquara. Naddeo, neste pouco período que por aqui esteve, conseguiu pelo seu jeito amável de ser, muito mais amigos, amigos de fé realmente, que aqueles que aqui nasceram e que aqui fizeram suas vidas. Ele tinha muito mais amigos que esses, justamente pela simplicidade dos seus gestos, tornando sua casa, um mundo de portas abertas.
Ele era profissional. Autêntico, perfeito na composição dos textos, descobrindo a cada instante na colocação de uma simples vírgula, que a vida é a natureza colocada a nossa frente em cada passo dado e que basta ser criativo para dimensionar a dor, a alegria, a tristeza e a felicidade, pois o sentimento é o toque de recolher na consciência dos humildes, dos bons, dos que fazem a graça sem dizer a quem.
Os bons também são recolhidos mais cedo, daí sua partida. Embora veterano no jornalismo, talvez tanto quanto eu, o Naddeo era pernamentemente um jovem, pois ele não queria fazer em momento algum da juventude, simplesmente, um período da vida. Para ele, a vida sempre foi um estado de espírito, um efeito de bondade, uma qualidade na imaginação, uma intensidade emotiva, uma vitória da coragem sobre a timidez… isso mesmo, uma vitória da coragem sobre a timidez e talvez tenha sido essa a regra para que Naddeo vencesse todos os desafios em terra estranha, 10 anos atrás. Venceu pela competência, pelo talento.
Como jornalista, prá fazer sucesso, não precisou ser polêmico, respeitou sempre com muita ética os seus colegas, jamais extrapolou em seus comentários e nunca pisoteou e nem tirou proveito do próximo, seu semelhante. Ele era humano, bom, amável com todos. Amadeu Naddeo, embora não sendo araraquarense, amou como ninguém a nossa cidade. Fazia da nossa terra o cenário das suas constantes vitórias, todas elas marcadas por campanhas publicitárias ou textos que serão guardados eternamente na memória dos que com ele tiveram uma convivência mais ampla, como por exemplo a Fernanda, sua esposa, seus filhos. Aqueles que 10 anos atrás viram o Naddeo chegando, entregando o currículo de agência em agência, depois sendo encaminhado à Câmara Municipal para tornar-se assessor de imprensa… e assessor de imprensa dos bons, pois ele sabia interpretar melhor do que ninguém, o cotidiano dos políticos, sabiam da sua competência.
Curiosamente, dia desses, Naddeo, alguém falou na televisão, alguma coisa que ontem, coincidência ou não, voltei a ter diante dos meus olhos: "Só passarei por este mundo uma vez. Assim, todas as boas ações que possa praticar e todas as gentilezas que eu possa dispensar a qualquer ser humano, devo aproveitar este momento para fazê-lo. Não devo adiá-las, nem esquecer-me delas, pois não voltarei a passar por este caminho". Despedida como essa Naddeo, assim às pressas, como diria o caboclo – o homem do interior que um dia o acolheu: despedida assim não é de bom tamanho e o que nos resta dizer é um até breve… porque a vida é essa gangorra a subir e descer, ou uma roda gigante que nos coloca em posições diferentes a cada instante, um carrossel a girar levando nossos sonhos. A vida na verdade é esse parque de diversões onde nos deliciamos por algum tempo…