Luigi Polezze
Com mais de oito décadas de história, a Vila Vicentina de Araraquara segue sendo um dos maiores símbolos de solidariedade e cuidado com os idosos na cidade. Fundada há 82 anos, a instituição é referência em atendimento humanizado e hoje abriga 69 idosos, oferecendo moradia, alimentação e assistência integral — tudo sustentado quase exclusivamente por doações e muito esforço da equipe que a mantém de portas abertas.
Mas, por trás da dedicação e carinho, há uma realidade preocupante: a instituição corre risco de fechar as portas se não houver apoio mais efetivo do poder público e da comunidade.
A LUTA PELA SOBREVIVÊNCIA
De acordo com os responsáveis pela entidade, a Vila Vicentina sobrevive graças às doações. “O que vem, a gente usa tudo — alimento, produtos de limpeza, RPI, o que for. Se não fosse a ajuda das pessoas, isso aqui já teria fechado”, relatou um dos diretores.
Hoje, o local enfrenta dificuldades financeiras graves. Só com carne, o gasto mensal chega a quase R$ 20 mil, além de despesas fixas com funcionários, manutenção das casas e reformas estruturais — muitas delas urgentes. Recentemente, parte do prédio cedeu e precisou ser reconstruída às pressas, somando mais de R$ 16 mil em reparos.
Os encargos trabalhistas também pesam. São 49 funcionários entre cuidadores, enfermeiros e técnicos, e a recente atualização do piso salarial da enfermagem aumentou ainda mais os custos. “O idoso sai para nós hoje por cerca de R$ 4.200, mas ele paga apenas R$ 1.060. Essa diferença a gente cobre com doações e eventos. Mas está cada vez mais difícil”, lamentou a direção.
FALTA DE APOIO DO PODER PÚBLICO
Segundo os responsáveis pela Vila Vicentina, Araraquara é uma das poucas cidades da região que não repassa verba mensal para o custeio das entidades assistenciais.
Enquanto municípios vizinhos como Matão e Rincão destinam mensalmente valores fixos para seus asilos, Araraquara não conta com essa política pública de apoio contínuo.
“O único auxílio que recebemos da Prefeitura é pontual, quando intercedem por uma verba ou convênio específico. Mas o custeio mensal mesmo, que ajudaria a pagar despesas fixas, não existe”, afirmou a direção.
A instituição também enfrenta entraves burocráticos com a Prefeitura. Um exemplo é o processo para regularização de um imóvel, que exige o pagamento de uma contrapartida municipal de quase R$ 10 mil — valor inviável para uma entidade que luta para pagar suas contas básicas.
O PAPEL DA COMUNIDADE E A ESPERANÇA
Mesmo diante das dificuldades, a Vila Vicentina continua prestando um serviço exemplar. Cada idoso possui seu próprio quarto e é tratado com carinho e respeito. “Aqui, a gente cuida deles como se fossem nossos pais. Se algum funcionário destratar um idoso, ele é desligado na hora”, disse um dos administradores.
A população pode ajudar de várias formas. As principais necessidades do momento são:
- Café
 - Óleo de cozinha
 - Leite
 - Fraldas geriátricas
 - Perfex (pano de limpeza)
As doações podem ser entregues diretamente na Vila Vicentina, localizada na R. São Vicente de Paulo, 252 – Vila Santa Maria (Vila Xavier). 
UM APELO POR SOLIDARIEDADE E COMPROMISSO
A direção da instituição faz um apelo às autoridades municipais e à sociedade civil: “Se as entidades deixarem de funcionar, o sistema público de assistência social não dará conta da demanda. O que pedimos não é luxo, é sobrevivência. Precisamos que o município olhe por nós, como outras cidades já fazem”.
Com a aproximação do fim do ano e os custos do 13º salário no horizonte, a incerteza aumenta. O medo maior é de que, após 82 anos de dedicação aos idosos de Araraquara, a Vila Vicentina feche suas portas — e junto dela, um pedaço da história de amor e solidariedade da cidade.
Com ajuda do JA, Vitor Hugo Margionti realiza a campanha “Vila pela Vida” com o objetivo de arrecadar itens previamente mencionados até o dia 29/11.
A campanha já conta com o auxílio do Bar Tokio e outros empresários da Vila, que já arrecadaram mais de 1.100 reais em produtos, venha você também participar.


