A população elegeu Antonio Nelson e 9 vereadores da mesma coligação, sem ninguém, teoricamente, contrário ao chefe do Executivo. Para a democracia essa situação não é salutar, não é a ideal. A comunidade pode e deve abrir um canal de fiscalização e cobrança de tudo o que os eleitos prometeram. Isso significa crescimento e os políticos não devem ficar irados com um mecanismo capaz de cobrá-los. É a regra do jogo democrático.
O prefeito Marelo termina seu mandato de forma triste, frustante. Não conseguiu durante 4 anos realizar um trabalho que pudesse merecer o apoio dos vereadores comprometidos com o desenvolvimento da cidade. Antes, acabou sofrendo ataques constantes e barreiras de todo tipo que atrasaram providências administrativas e, por conseguinte, prejudicaram a coletividade. A falta de apoio de seu grupo partidário e vereadores metendo o pau pelos microfones da rádio comunitária, tiraram o entusiasmo do prefeito. A bronca do Marco Aurélio ou do Abel, numa administração que se arrastava no sentido de absorver as adversidades, tinha grande impacto. É verdade que nem sempre os vereadores tinham razão, mas, o prefeito Marelo não tinha ninguém que o defendesse em plenário. Mesmo tendo trabalhado para a eleição da segunda Mesa Administrativa, Marelo continuou órfão em termos de legislativo. As dificuldades foram tantas que até uma escola, altamente necessária, está há muito tempo paralisada em busca de uma solução jurídica. Faltaram apoio político e ação jurídica capazes de colocar o interesse do povo acima de questões meramente políticas. Isso, apenas para citar onde leva a falta de apoio para governar.
Não é o caso de Antonio Nelson que tem a totalidade dos vereadores a partir de 1º de janeiro de 2005. Marcão, o mais votado e que, com o Abel, atirava com sua metralhadora eficaz, vai continuar com o mesmo estilo contra o prefeito e pai? Claro que não e nem poderia. Afinal, pai é pai e ninguém pode condená-lo por essa postura. Por isso, Boa Esperança precisa pensar numa ONG, Sociedade de Amigos ou Conselho da Comunidade para, em reunindo pessoas de bem e amantes da cidade, sem conotação partidária, lutar pelo progresso: cobrando, ajudando, sugerindo, apoiando, enfim, sendo o divisor de água para que a cidade tenha seu progresso ordenado e contínuo. Os problemas são muitos, Antonio Nelson terá dinheiro para resolver todas as pendências, realizar as obras prometidas? Qual será a ordem de prioridades? O poço profundo do Alto da Vista Verde ou terra para estimular o agronegócio numa “reforma agrária” urbana?
O Jornal de Araraquara está em Boa Esperança para ajudar, no contexto de uma democracia moderna, com os que acreditam na união de forças a favor da cidade e não na simples união de pessoas contra o outro grupo dominante. Boa Esperança tem tudo para se fortalecer, a partir de providências para garantir a renda familiar. Não é possível aceitar que nossos trabalhadores fiquem 6 meses na laranja e cana e outros 6 curtindo problemas, sem emprego. Este seria um bom começo, com o agronegócio anunciado pelo prefeito eleito.
Marelo queria fazer mais pelos trabalhadores, não conseguiu.