Aumenta a demanda por cirurgias

Renato Neves (*)

Maior expectativa de vida prevê a necessidade de mais oftalmologistas e cardiologistas.

Estudo recentemente divulgado pela UCLA (Universidade da Califórnia, Los Angeles), Estados Unidos, afirma que haverá deficiência na quantidade de médicos, de várias especialidades, para atender à demanda gerada pelo aumento da expectativa de vida. Publicada na edição de agosto do Annals of Surgery, a pesquisa indica que, por volta de 2020, oftalmologistas e cirurgiões cardiotorácicos não conseguirão dar conta do atendimento de todos os pacientes.

“Daqui a vinte anos será difícil encontrar um cirurgião”, diz o doutor David Etzioni. Autor do estudo, o médico se baseou nos índices levantados pelo censo. “Vamos ter um aumento de 13,3% no número de pessoas com mais de 65 anos em 2010. Em 2020, as expectativas indicam um salto para 53,2% .

As maiores demandas, de acordo com as especialidades médicas, serão de oftalmologistas, cirurgiões cardiotorácicos, urologistas, cirurgiões gerais, neurocirurgiões, ortopedistas e otorrinolaringologistas. Os cirurgiões gerais estão mais focados em doenças vasculares, gastrintestinais, hérnias, câncer de mama e pediatria”, ressalta.

“Já podemos notar, em nosso país, a falta de médicos de várias especialidades em diversos locais. Mesmo em São Paulo, com o aumento médio de expectativa de vida estimado em dois anos, divulgado recentemente pela Fundação Seade, já se pode notar que a saúde está em crise. Em parte pela desproporção entre aumento populacional e formação de novos médicos, em parte pela crise nos planos de saúde, em parte pelas falhas de atendimento do Sistema Único de Saúde (SUS)”, diz Renato Neves, médico Oftalmologista e diretor da rede Eye Care. “Adotamos um sistema de encontros e palestras voltados para os médicos que passam a integrar nosso corpo clínico. É Importante capacitar a todos, tendo em vista um atendimento cada vez mais eficiente”, diz Neves.

Da parte dos hospitais, de acordo com George Schahin, presidente do Hospital Santa Paula, em São Paulo, “o que já está acontecendo, mas vai ocorrer de modo acentuado nos próximos anos, é o que chamamos desospitalização. Ou seja, com avanços tecnológicos, o paciente vai permanecer menos tempo internado. Por isso, o Day Hospital. Há poucos anos, uma cirurgia cardíaca necessitava, em média, de dez dias de internação. Hoje, esse tempo já foi reduzido para sete ou menos, dependendo do tipo de internação. O recurso da videolaparoscopia, por exemplo, pôde reduzir em tês dias o tempo que um paciente passa dentro do hospital”.

A mudança de conceito mais evidente, atualmente, é que hospital bom não é mais aquele de grandes proporções, mas o que tem recursos tecnológicos de ponta a oferecer ao paciente e um serviço mais ágil quanto ao período de internação. “Em 2020, provavelmente, com a decodificação do genoma humano, muitas doenças serão prevenidas antes de acontecer. Isso se não puderem corrigir o problema mesmo antes do nascimento”.

(*) É médico oftalmologista.

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