Afetos no ar

Eladir Albertini (*)

Sorriso marcante

Uma dor incessante

O peito se rasga

Explode de amor

Sentimentos confusos

Caminhos difusos

Um sino repica

Nasce uma flor

O olhar é sombrio

O sonho vazio…

Mas há momentos tão doces…

De rara emoção

Um riso fingido

Fere os sentidos

Os braços se esticam

Ao encontro de mãos…

Um afeto intenso, solto

Divaga no ar

Busca um caloroso ninho

Onde se aconchegar

É forte, é sincero

Tão denso, tão serio

Procura alguém

Para se entregar

Sem inspiração

Os afetos se vão

Se espalham ao vento

Se perdem no chão

Não acolhidos

São reprimidos

Em vidros contidos

Quebram a ilusão

Ansiosa e aflita

A se contorcer

A vida se agita

No fundo do ser

A bela embalagem

Na camuflagem

Seu desalento

Parece esquecer

A alma inquieta

Em cega agonia

Simula alegria

Ao representar

A figura sonhada

De doce amada

Princesa dourada

De um romântico par

Coração de aço

No corpo toma espaço

E bate ao compasso

De ambicioso poder

Afetos perdidos

Secos, partidos

Na alma quebrada

A desfalecer

A carcaça blindada

Já imunizada

Segue em caminhada

Um falso viver

O amor oprimido

O afeto esquecido

Transforma os sentidos

Enrijece a essência do ser!

(*) É pedagoga e aluna do curso Psicopedagogia

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