Uma vida exemplar, amigo leal, comprometido com o progresso da cidade e bem-estar de sua gente. Fez opção pelo combate às injustiças, especialmente pelo rádio. Um espírito forte, evoluído e que tinha um papel para cumprir: fê-lo com a maior dignidade. Como borboleta, sofre metamorfose e bate asas, com a liberdade de quem não espera acontecer: faz a sua hora!
Ferroviário, advogado, diretor da Rádio Voz da Araraquarense, presidente da União Operária, assessor parlamentar do Deputado Leonardo Barbieri, chefe de imprensa do prefeito Waldemar De Santi, presidente da União dos Ferroviários da Araraquarense, marido da Professora Catarina Milito, locutor da Rádio Cultura, pai do Juiz do Fórum Trabalhista Sérgio Milito Baréa, extraordinário avô, cidadão útil e consciente de seu tempo e de sua tarefa: é Arlindo Baréa, o radialista que fez escola na modalidade de servir, jamais acima do bem e da verdade, sempre respeitando os valores citadinos, não tripudiava sobre as pessoas, não usava dos pobres para manter sua audiência e nem ficar rico, não fazia sensacionalismo, era exigente e sério, não fazia acordos espúrios, não adulava um para atacar outro, não priorizava a violência e sangue para estimular mais ouvintes, não atacava rotineiramente e nem ficava de marcação, não tinha inveja e muito menos ódio de quem na estrada da vida havia colaborado de alguma forma. Era prestativo e se realizava em construir, jamais participava de qualquer empreitada contra alguém. Uma voz que repercute no coração de milhares de pessoas: da Vila Xavier, do São José, São Geraldo e Carmo, só para falar dos quatro pontos da cidade, hoje enriquecidos por tantos jardins e núcleos habitacionais. Que beleza, logo às 7h30, acordar com o Radar de Notícias 219… e a Phillips em seu Lar às 11 horas? Não tinha palavrões tolos, inconcebíveis e refutados pelo Código de Radiodifusão que presentemente parece ter sido jogado ao lixo.
Baréa marcou a comunicação da região de Araraquara. Só falou um palavrão no ar. Em determinado dia estava fazendo um comentário delicado e grave quando, sem qualquer aviso, houve a interrupção da energia elétrica. Ficou frustrado e desabafou: “f.d.p., assim não dá”.
A sua surpresa foi, no mesmo dia, ouvir de muitos: por que está tão nervoso? Percebeu que, mesmo interrompendo a energia elétrica, as válvulas do transmissor, ainda quentes, transmitiram as suas últimas palavras. Mas, baixar o nível conscientemente, nunca. Baréa, um grande camarada, um padrinho generoso, um cara legal que, brevemente, vamos abraça-lo no segundo andar do mundo (dos vivos, porque não acreditamos na morte).
Até logo amigo … olhe por nós e obrigado pelas suas belas lições. O prefixo da Rádio Voz (hoje Morada do Sol) foi vitaminado pela sua energia e idealismo. Aliás, só por isso conseguiu juntamente com o Denisar Alves, Enio Rodrigues Caraça, José Carlos Cicarelli, Jonas Tanuri, Henrique Nunes, José Delbon, Zezé, Terezinha, Ierto Lopes e sua mulher, Prioli, Nelson Luiz (Pereira), Rubens “Visam” Santos, Wagner Bellini, Sérgio Luiz Campani, Jair Taveira, José Zácaro, Nelson eletrônico, Dorival Falconi, Alvaro Waldemar Colino, José Delbon, Jeronimo Zingarelli Filho, Irene Volpatti, enfim, muitos outros dentre os quais o Adilson João, Seo João (zelador), Dona Maria (manutenção) e Osvaldo Romio Zaniollo fazer frente à tradicional emissora da família Lupo, a Rádio Cultura de Araraquara.
Baréa… pô cara, chegou a sua hora. A nossa vem logo porque em determinado momento o espírito não aceita mais os limites da carne. Deseja explodir e continuar sua missão. Nessa hora, a doença é apenas uma desculpa. Você desabrocha e nós sentimos a fragrância de sua vida tão rica em trabalho e dedicação. Obrigado, mesmo! (G. Polezze)