Maria Teresa Romania, Coordenadora da Casa Transitória “Fundação Reviver”, de Américo Brasiliense, foi indicada pela colaboradora do Ja, Sarah Coelho, para ser destaque nesta página. Ela é aluna do 3º ano de Normal Superior da Uniara.
JA – Fale sobre sua experiência no Conselho Tutelar.
MTR – Como conselheira durante os anos de 1997 a 30/06/2003, vivenciei realidades adversas do meu cotidiano, que nenhuma teoria ensina. A questão como valores e ética, não são vivenciados pelas crianças e adolescentes atendidos, acarretando conseqüências para seu desenvolvimento. Com tantos problemas, adquiri uma maturidade diferenciada passando a ver o mundo, as pessoas de outra forma.
O Conselho Tutelar foi alicerce para seu desempenho atual?
Sim. A experiência no Conselho Tutelar ajudou muito no meu novo trabalho, pois, recebemos crianças e adolescentes cujos direitos foram violados. E trabalhar no abrigo é tratar de medidas de proteção previstas no artigo 90 do ECA – Estatuto da Criança e Adolescente.
Há quanto tempo coordena a Casa Transitória?
A Casa Transitória foi inaugurada em 01/07/03, iniciei na mesma data.
A Casa Transitória é um órgão municipal?
Não. A Casa Transitória é mais um dos projetos da “Fundação Reviver”, mantido financeiramente pelo consórcio formado por Américo Brasiliense, Santa Lúcia, Rincão e Motuca.
Quais os outros projetos dessa Fundação?
Complementação Educacional no período inverso ao do ensino fundamental, em parcerias com o Governo Estadual e Municipais.
Na faixa etária de 7 a 13 anos, as crianças e adolescentes freqüentam diariamente o projeto, desenvolvem atividades educativas e de lazer e retornam para casa no final do dia.
Na faixa etária de 14 a 17 anos, os adolescentes participam de cursos de Informática, Marcenaria, Artesanato e Tapeçaria, em convênio com o Senai.
Como é o internato, na Casa Transitória?
Geralmente quando fazemos referência à Casa Transitória ela é confundida com internato. Assim, torna-se conveniente esclarecer que existem diferenças substanciais entre estes dois programas, pois, são destinados a crianças/adolescentes em circunstâncias diferentes. Internato é dirigido a adolescentes que praticam atos infracionais. Abrigo é uma medida para atender crianças e adolescentes desprotegidos e em estado de abandono social.
Quem abriga as crianças/adolescentes.
As que se encontram desprotegidas e em estado de abandono social são encaminhadas ao abrigo por decisão da Vara da Infância e Juventude ou dos Conselhos Tutelares das cidades consorciadas, ou seja, Santa Lúcia, Rincão, Motuca e Américo Brasiliense.
Qual o motivo que leva a criança/adolescente, a ser abrigada.
É sempre o direito fundamental que, por ventura, tenha sido violado ou ameaçado.
Como é a estrutura do projeto.
É uma Casa com características de um lar comum, onde as crianças/adolescentes ficam o tempo necessário para sua reinserção na família.
A população se mobiliza para ajudar o projeto.
Sim. Apesar de as crianças estarem abrigadas como Medida de Proteção, onde tem que haver o sigilo e segurança, pessoas (voluntários) cadastradas têm uma participação efetiva e importante.
Quantas pessoas envolvidas neste projeto?
Doze, entre coordenador, monitores, ajudante geral, vigia noturno, técnico contábil, assistente social e psicólogo nos visita para dar suporte técnico aos funcionários e abrigados.
Atualmente, quantas crianças estão abrigadas?
Hoje estamos com nove abrigados, mas, no período de sete meses de funcionamento, passaram 41 crianças/adolescentes pela casa.
Qual a maior reivindicação dos abrigados?
Basicamente, amor e carinho.
Qual a faixa etária dessa clientela e capacidade de atendimento?
Faixa etária de 0 a 17 anos de idade, ambos os sexos e capacidade para 20 crianças/adolescentes.
Quais as diretrizes da Casa Transitória?
Oferecer atendimento personalizado em pequenas unidades, semelhantes a uma residência. Preservar o vínculo familiar sempre que for possível. Não separar grupos de irmãos. Favorecer a participação nas atividades da comunidade (saúde, esporte, lazer e educação). Regulamentar a dinâmica da Casa através de Regimento Interno. Manter arquivo de fichas individuais e sigilosas das crianças e adolescentes atendidos.
Como é o relacionamento entre os abrigados.
Caracteriza muito bem o ambiente familiar.
Como é seu relacionamento com as crianças.
Longe da família de origem, procuram o vínculo afetivo com quem as rodeiam.
Qual o retorno de seu trabalho?
Vem através de amor, carinho e afetividade. Acredito que este é o maior retorno que se pode ter, principalmente quando vem de crianças/ adolescentes vitimizados que não te pedem nada em troca.
Mensagem.
“Certamente, Deus lhe concederá outros dias e outras oportunidades de trabalho, mas, faz agora todo o bem que puder porque dia igual ao de hoje, só terá uma vez”.