A Profa. Elenice Maria Cammarosano Onofre tem belas experiências como docente e faz parte da família Uniara no exercício da coordenação e titularidade dos cursos de pedagogia e normal superior da modelar universidade araraquarense.
Elenice foi convidada pela colaboradora do JA, Sarah Coelho, para ser destacada pela coluna. É formada em Pedagogia pela Unesp-Araraquara, Mestre em Metodologia de Ensino pela UFSCar-São Carlos e Doutora em Educação Escolar pela Unesp-Araraquara.
Iniciou sua trajetória de educadora como professora do Ensino Fundamental na zona rural (Dourado/SP). Trabalhou nas redes pública e particular de ensino em Araraquara, em diferentes cargos: professora, coordenadora do Ciclo Básico, coordenadora pedagógica, assistente de planejamento na Diretoria de Ensino, diretora de escola, e ao mesmo tempo, como professora universitária. Há 17 anos está no Centro Universitário de Araraquara – Uniara, onde exerceu diferentes funções. Atualmente, como ficou explicitado, coordena os cursos de Pedagogia e Normal Superior, sendo também professora nesses cursos. Embora tenha sempre exercido funções administrativas, ao longo de sua carreira, a sala de aula continua sendo o local onde realmente se realiza, pois, “o convívio com os alunos é sempre muito sadio e gratificante”, diz.
JA- Qual o objetivo do Curso Normal Superior?
EMCO – É de formar professores, em nível superior, para atuar nas séries iniciais do Ensino Fundamental e Educação Infantil. O curso, neste momento, forma professores para as séries iniciais do Ensino Fundamental, devendo em 2004, oferecer também a licenciatura plena em Educação Infantil.
O ensino, hoje, é mais reflexivo?
Não acredito que o ensino seja mais reflexivo. A maneira como é conduzido (ou deveria ser) é mais dinâmica e mais próxima dos interesses dos educandos. Há um mundo estimulador que a escola não pode ignorar, devendo portanto, estar atenta para ser prazerosa e instrumento de aprendizagem para uma sociedade que é competitiva e criativa, exigindo uma formação diferenciada às crianças, jovens e adultos.
As crianças (Informática) correm o risco de se tornarem “impacientes”?
Não acredito que o ensino da Informática possa tornar as crianças impacientes na escola. Elas encontram na Informática uma ferramenta que lhes proporciona uma aprendizagem mais dinâmica, o que as conduzem à procura de uma escola que não se limite ao uso do giz, lousa e voz. É a isto, que devemos estar atentos, enquanto educadores.
Participação das crianças em Instituições Educativas é um despertar também a solidariedade?
É um despertar para a solidariedade, mas além disso, faz parte de sua formação enquanto cidadão que compartilha das ações de seu país, na busca de soluções para os nossos problemas.
Como sente as brincadeiras com suas alunas em sala de aula?
Como foi dito, a sala de aula é o local onde mais me realizo. Participar das brincadeiras com meus alunos é extremamente positivo em minha vida pessoal e profissional, cresço com eles, identifico-me com os seus pensares, posso deixar o meu lado “criança” não atrofiar ou morrer. Conviver com os jovens é muito sadio, pois eles nos apontam visões de mundo imensamente agradáveis e é dessa relação amorosa e amistosa que se faz o processo de ensinar e aprender.
Os professores são mais respeitados pelos alunos?
Não vejo os professores, atualmente, mais respeitados ou reconhecidos. As relações são diferentes. Nunca me senti não respeitada por meus alunos e sempre vejo reconhecimento por minha dedicação. Quando desenvolvemos atividades porque acreditamos nelas, a auto-realização já é um reconhecimento.
Qual é o perfil de um bom professor?
Ele precisa ser competente em suas ações, assumindo papel de construtor de conhecimentos com seus alunos, sendo um profissional e também um amigo, uma pessoa que compartilha com os problemas cotidianos dos alunos.
Mensagem:
Deixo uma reflexão em relação à questão do ter e do ser. A nossa sociedade é hipócrita e ambígua quando aplica aos professores o velho discurso da abnegação e do valor espiritual e formativo de nosso trabalho, quando na realidade despreza tudo o que não tenha valor material. Esta é uma das causas de nossa profissão ser tão desvalorizada, pois para ser, é preciso um mínimo ter! É questão de sobrevivência com um mínimo de dignidade: poder morar, se transportar, comer, vestir, cuidar da saúde, ter um pouco de lazer, ter acesso a bens culturais, até como instrumento de trabalho. Obrigada pelo convite e pela oportunidade.