Recentemente, escrevi sobre os antigos e famosos almanaques do Capivarol, que as farmácias distribuíam quando eu era menino. Almanaque veio da palavra árabe "al manach", que se refere ao tempo atmosférico, isto é, se faz calor ou frio, dia chuvoso ou seco, nublado ou claro, etc. De fato, aquele almanaque antigo trazia previsões de meteorologia para o ano todo, com a finalidade principal de orientar os que se dedicavam aos plantios. Prá mim, essa parte do almanaque não interessava. O que eu queria era decifrar as tais cartas enigmáticas, os enigmas em geral ou fabricar em casa os quebra-cabeças de madeira ou de arame que eles publicavam em desenhos.
Sabendo desse meu gosto por almanaques, meu amigo Samuel da farmácia me deu, sábado passado, um exemplar do Almanaque Magazine Farma para o ano 2003. Aqui em Araraquara já devem estar circulando uns 3 mil exemplares de tal almanaque.
Aqueles que já pegaram seu exemplar podem conferir o que li na página 19, que estou publicando hoje. Entre as curiosidades, está escrito sobre a mãe mais nova que já existiu no mundo: uma menina peruana chamada Lina Medina, que teve um bebê aos 5 anos de idade.
Assim que li tal referência, falei imediatamente pro Samuel, que eu tinha uma foto dessa Lina Medina, cujo nome estava em minha memória. Ele até pensou que eu estava brincando. Fui prá casa e localizei meu livro de Endocrinologia, editora "El Ateneo", de Buenos Aires, de autoria do Dr. Rodolfo Pasqualini, comprado por mim em 1956. Em poucos minutos, achei a foto da garota na página 682 do livro e a reproduzi para os leitores avaliarem o fenômeno.
Realmente, a foto do meu livro é da menina mencionada no almanaque da farmácia do Samuel. Não é uma foto de boa qualidade, tendo sido tirada em 1939, quando o fato ocorreu, mas dá bem prá ver, apesar da tarja que lhe foi colocada nos olhos, que se trata realmente do corpo de uma criança grávida, inclusive com as mamas túrgidas.
Acredito que os leitores irão apreciar que um fato científico de tal importância e raridade, esteja eu publicando hoje com todo o respeito que se deve devotar à pessoa humana que exibiu seu corpo ao mundo para que todos ficassem sabendo que existe a possibilidade de um ser do sexo feminino gerar outra pessoa sem que tivesse havido a participação concreta de um outro ser do sexo masculino, isto é, que foi preservada a virgindade.
Referi-me ao fato como um fenômeno importante e raro. Realmente é mais do que raro, é raríssimo, mas não é o único. Há casos registrados na literatura médica de meninas que ficaram grávidas, com referências concretas de que o fato ocorreu sem que tivesse havido a participação masculina.
Tenho um recorte de jornal, do ano de 1958, no qual o Professor Dutra de Oliveira, membro da Academia Nacional de Medicina na época, deu suas explicações ao caso de Lina Medina e de outros semelhantes. Ele argumentou que a mãe de Lina teria gerado gêmeos, mas um ficou dentro do outro, em condições latentes durante cinco anos, até que foi finalmente gerado e nascido de sua própria irmã.
Para quem estranhou tal explicação, vou contar algo igualmente fantástico e raro, ocorrido aqui em Araraquara há alguns anos: O primeiro filho de um jovem casal local foi gerado fora do útero da mãe. Logo após a fecundação, o óvulo caiu fora da trompa e o bebê cresceu dentro da barriga, no meio de órgãos como o estômago, o baço, o pâncreas, o fígado, etc. Igualmente raro é que um bebê assim gerado vá até ao fim da gravidez, mas o daqui de Araraquara foi até ao fim e nasceu numa operação que não é cesariana, mas num corte semelhante ao de uma operação de estômago, de apêndice, ou de vesícula.
No início de 1961, eu ainda estava no Rio de Janeiro fazendo minha residência médica em Cirurgia Plástica. Naquela ocasião, eu comprava o jornal O Globo todos os sábados. Veja o recorte desse jornal que eu guardei até hoje, do dia 11-3-1961. Foi publicado o caso de uma cadelinha chamada Linda que, após 5 dias de nascida, deu cria a um pequeno cachorrinho que viveu 16 horas. Isto ocorreu em São Paulo.
Fiquei curioso e comprei o jornal O Globo em todos os dias que se seguiram para ver se saía mais alguma notícia do caso. No dia 15-3-1961, publicaram a foto da cachorrinha Linda no colo de sua dona, a jovem Deise Gomes Pinho, esclarecendo que ela não permitiu que os Professores da Faculdade de Veterinária da USP operassem a Linda para esclarecer o fenômeno.
Esses recortes dão apoio à argumentação do Professor Dutra de Oliveira sobre a hipótese bem plausível do caso da menina Lina Medina.
Bem, leitores, acabei dando um grande prestígio ao almanaque que o Samuel me deu. Acredito que muita gente vai passar lá na Farmácia dele e pedir um exemplar.
Na mesma página 19, onde está descrito o caso da menina Lina, está mencionado que o pai mais novo do mundo foi um menino inglês de 12 anos. Tenho um recorte com a foto dele, mas não vou publicar porque o danadinho pelado é um verdadeiro escândalo!