Padre Fernando Fraga
Qual é a maior dor? Você já pensou nisso? Um jovem deixou um bilhete aos familiares, pouco antes de cometer suicídio. Expressou no papel o que estava sentindo. Disse ele que a maior dor na vida não é morrer, mas ser ignorado, é perder alguém que nos amava e que deixou de se importar conosco, é ser deixado de lado por quem tanto nos apoiava e constatar que esse é o resultado da nossa negligência. A maior dor na vida não é morrer, mais ser esquecido. É ficar sem o cumprimento após uma grande conquista, é não ter um grande amigo telefonando para dizer olá, é ver a indiferença no rosto quando abrimos o nosso coração. O que muito dói na vida, é ver aqueles que foram nossos amigos sempre muito ocupados quando precisamos de alguém para nos consolar e nos ajudar a reerguer nosso ânimo. É quando parece que nas aflições estamos sozinhos, com as nossas tristezas, muitas dores nos afetam, mas isso pode parecer mais leve quando alguém nos dá atenção. É bem possível que esse jovem tenha tido seus motivos para escrever o que escreveu, todavia em nenhum momento deve ter pensado naqueles que o rodeavam. Se pudesse sentir a dor de um coração de mãe dilacerado ante o corpo sem vida do filho amado, se pudesse experimentar o sofrimento de um pai que tenta em vão saber do filho morto o que o levou a tamanho desatino. Se sentisse o desespero de um irmão que busca resposta nos lábios imóveis do ser que lhe compartilhou a infância. Se pudesse suportar, ainda que por instantes, a dor de um amigo sincero a contemplar seus lábios emudecidos no caixão, certamente mudaria seu conceito sobre a maior dor. Se você pensa que esta passando pela maior dor que alguém possa experimentar, considere o seguinte: Uma mãe que chora sobre o corpo de um filho querido que foi alvo das bombas assassinas em nome das guerras frias e cruéis. Uma criança debruçada sobre o corpo inerte da mãe atingida por granadas mortíferas. Um órfão de guerras que é obrigado a empunhar as mesmas armas que aniquilaram seus pais. Um pai de família que assiste o assassinato dos seus de mãos amarradas. Enfim, pense um pouco nessas outras dores, pense um pouco nos corações que sofrem dores mais amargas que as suas. E se ainda assim você estiver certo que a sua dor é maior, lembre-se da dor daquela mãe que um dia assistiu a crucificação de seu filho inocente, sem poder fazer nada. Lembre-se também daquele que suportou a cruz do martírio mais não perdeu a confiança no Pai que tudo sabe. E se ainda assim você achar que é o maior dos sofredores, considere que talvez o egoísmo esteja prejudicando a sua visão. Descobrir qual é a maior dor é muito difícil, mas, a maior decepção é fácil deduzir: é a daqueles que se suicidam pensando que extinguiram a vida e com ela todos os problemas. Esses saem do corpo, mas, indubitavelmente não saem da vida. Portanto, por mais difícil que esteja a situação, não vale a pena buscar essa porta falsa chamada suicídio. É importante lembrar sempre, por mais escura e longa que seja a noite o sol sempre volta a brilhar e por mais que pensemos estar em solidão temos sempre conosco um amigo fiel e dedicado, que jamais nos abandona: o meigo Rabi da Galiléia.
Boa semana a todos. + Fernando Fraga.
REFLEXÃO DA SEMANA
Não chores pelas coisas terem terminado. Sorria porque elas existiram.
(Luiz E. Baudakian)