Sarah Coelho Silva (*)
Oxalá, nossas crianças tivessem hoje a oportunidade de passar seus dias em uma escola de meus sonhos. A dos meus sonhos, que um dia foram sonhos reais. Ter o privilégio de ser interna em um colégio com sistema rígido, disciplina exemplar. Neste espaço narro a história de muitas meninas que também tiveram esta mesma experiência. Hoje as pessoas me perguntam: estudar como interna foi deprimente? Respondo: – Não, foi ótimo para a minha formação. Foram oito anos consecutivos, aprendi a ser uma pessoa disciplinada, de valores morais, materiais e principalmente espirituais. Nosso dia iniciava às 6 horas da manhã, com a missa- nossa primeira atividade. E logo após, uma farta refeição: leite, bolo, manteiga amarelinha, pão enorme caseiro, que até hoje tenho em mente. Logo iniciavam as aulas. Estudar muito bem alimentados, sem ansiedade. Muito menos sonolentos, pois para dormir, era costume ser bem cedo. Como diz o ditado “Deus Ajuda Quem Cedo Madruga”. Nossas aulas eram tranquilas, as carteiras eram duplas, mas, ninguém ousava conversar. Somente risos inocentes, e significados sinais a nos comunicar. A gente se entendia pelo simples olhar. Conversar, nem pensar. A nota de disciplina era fundamental, contava peso para as saídas merecidas por bom comportamento. Sempre eram avaliadas, e por todas com muita expectativas esperadas. As disciplinas eram trabalhos manuais. Em época de bailes de gala, os nossos vestidos era a gente mesmo que bordava. As moças de nossa época eram prendadas, sabiam pregar um botão, fazer vários tipos de pontos, era a nossa distração. As moças realmente eram recatadas, e sabiam de fato bordar. No pátio do colégio tinha um imenso pomar, com diversas frutas. Subir nestas árvores frondosas era uma libertação sempre almejada, um sentimento de segurança e equilíbrio. Infelizmente hoje nossas crianças, pouco reconhecem uma árvore de bons frutos, é uma lástima. Tínhamos também aulas de datilografia, natação, Ping-Pong, pintura, desenho e muitos outros atrativos oferecidos a todos, sem distinção. Infelizmente sinto muito, porque nem todas as meninas de minha época tiveram a oportunidade de estudar em um a escola voltada para uma boa formação educacional. Sinto saudade das irmãs da congregação de São José. Meu senso de responsabilidade, dar valor à vida, é fruto desta orientação das Missionárias a transmitir tantos valores importantes para nossa formação. Oxalá nossos governantes e responsáveis pela formação e educação dos jovens de hoje, mais necessitados, proporcionassem um regime de Semi-internato para nossas crianças, de todo o Brasil. Esta, a escola de meus sonhos.
Para no seu futuro, pleno de glórias, um dia venham a escrever com tanto agradecimento. Um relato sincero igual a este que, hoje, escrevo com o coração cheio de gratidão.
(*) É colaboradora do JA.