"Triste não é mudar de idéia. Triste é não ter idéias para mudar".
Bom dia. Bem ou mal entendida, podem ocorrer situações como essa, enviada pelo amigo e jornalista, Edílson Fragalle, da vizinha São Carlos. Trata-se de uma questão cultural, passando sempre pela Comunicação. Veja se você entende.
Diz a lenda que Rui Barbosa, ao chegar em casa, ouviu um barulho estranho, vindo do seu quintal.
Chegando lá, constatou haver um ladrão tentando levar seus patos de criação. Aproximou-se, vagarosamente, do indivíduo e, surpreendendo-o ao tentar pular o muro com seus amados patos, disse-lhe:
– Oh, bucéfalo anácrono! Não o interpelo pelo valor intrínseco dos bípedes palmípedes, mas sim pelo ato vil e sorrateiro de profanares o recôndito da minha habitação, levando meus ovíparos à sorrelfa e à socapa. Se fazes isso por necessidade, transijo; mas se é para zombares da minha elevada prosopopéia de cidadão digno e honrado, dar-te-ei com minha bengala fosfórica, bem no alto da tua sinagoga, e o farei com tal ímpeto, que te reduzirei à qüinquagésima potência, que o vulgo denomina nada.
E o ladrão confuso, diz:
– Doutor, eu levo ou deixo os patos?
Você entendeu?
Cerca de 60 jornalistas, reunidos segunda-feira, escolheram os melhores de 2004 da Associação Paulista dos Críticos de Arte – APCA. Foram escolhidos os melhores nas categorias: Artes Visuais, Cinema, Dança, Literatura, MPB, Rádio, Teatro, Teatro Infantil e Televisão.
Inúmeros os destaques premiados naquela ocasião. Entre eles, nomes conhecidos como Ney Matogrosso, Arnaldo Jabor, Enrique Díaz, Tony Ramos, Renata Sorrah, Cláudia Rodrigues, Gilberto Braga, Erasmo Carlos, Seu Jorge, Newton Moreno e outros. O que mais me chamou a atenção foi o 1º lugar na categoria Rádio. Ganhou um programa de Cultura Geral, que se chama NOSSA LÍNGUA PORTUGUESA, da Rádio Cultura AM, apresentado diariamente pelo professor Pasquale Cipro Neto. Um programa de Língua Portuguesa!!!
Votaram e escolheram os vencedores neste quesito: Marcos Ribeiro, Miriam Ramos e Tobias Jung.
Quem disse que a nossa inculta e bela não dá IBOPE? Quem disse?
Ainda bem que existem pessoas, preocupadas em fazer da nossa Língua Portuguesa uma boa arma, para melhorar as comunicações de nosso país.
Em pensar que, em 2001, eu ocupei um modesto espaço na Rádio Cultura de Araraquara. Naquela ocasião, apresentava um programete destinado a difundir o bom e correto uso da Língua Portuguesa, chamado "O Certo e o Errado", produzido por mim e dirigido pelo competente Antonio Carlos Rodrigues do Santos.
Durou 9 meses esse projeto. Depois veio Marcelo Barbieri, depois a família Montoro, e o projeto pereceu. Morreu mesmo.
Não quero aqui fazer nenhuma crítica…
Mas de verdade, quem perdeu com o término desse espaço foi a própria Língua Portuguesa. Aliás, perdeu mais ainda o povo de nossa cidade e região. É o que sempre me disseram os atentos ouvintes.
Mas é assim mesmo… trata-se de uma questão de cultura.
E por falar em questão de cultura, como todos os dias, eu e o Carlos fazemos nossa caminhada diária. Damos nossas voltas no Parque Infantil, às vezes subimos e descemos a Bento de Abreu, outras vezes a Av. 36, a Rua 5, a Rua 6. Até mesmo uma volta de 40 minutos dentro do Cemitério São Bento ótimo lugar para se fazer uma caminhada, pois lá dentro ninguém repara na gente e nem tão pouco nos incomoda com esbarrões, não há carros e nem bicicletas. Os moradores são pacatos! Não colocam nem as cabeças para fora das portas ou janelas, para nos observarem. Esta semana (4ª feira), quisemos fazer uma caminhada diferente. Descemos a rua 7, entramos na Av. 7 e por fim subimos a Rua Nove de Julho. E fomos caminhando… A certa altura, quando passávamos pelo centro novo (remodelado) de nossa cidade, reparamos: "Como está sujo o centro da nossa cidade!" Ela ficou linda, é verdade, mas está horrivelmente suja. Eram apenas 8h. Imaginem lá por volta das 12h, e às 18h, então.
Em outros tempos, e principalmente nessa época, nosso centro (que era velho), era velho, mas era limpo.
Não estou com isso julgando o nosso Prefeito Edinho, apesar de que nossa querida Araraquara, em outros tempos, amanhecia sempre limpa. E como é bom andar em uma cidade limpa!
Mas, novamente refiro-me à questão cultural. Quantas pessoas do nosso povo cultivam a cultura da limpeza, do asseio, do bem-estar? Esse recado serve também para os Srs. Lojistas. Imaginem que existe na cidade uma empresa que vende papel picado, para enfeitar o chão das lojas! Enfeitar o chão ou sujar o chão?
Enquanto isso, a Srª. Marta Suplicy e o seu digníssimo marido, Sr. Luis Favre, vão à festa de reabertura do Teatro Scala de Milão. São Paulo, continua suja, cheia de água e sem Prefeito(a).
É… trata-se de uma questão de cultura.
Mas, refresquemos nosso espírito… Leiamos de Regina Célia Suppi – Caminhos diferentes.
"Há quem passa e deixa só cicatrizes. Há quem passa semeando flores. Há quem passa banhando-nos em lágrimas. Há quem passa disposto a secá-las. Há quem passa torcendo por nossas vitórias. Há quem passa aplaudindo nossos fracassos. Há quem passa ajudando-nos a levantar. Há quem passa fazendo-nos cair. Há quem passa como sombra. Há quem passa como luz. Há quem passa como pedra no caminho. Há quem passa como pedra de construção. Há quem para todo o deslize vê uma falta irreparável. Há quem nos ofereça o perdão. Há quem ignora nossos erros. Há quem nos ajuda a corrigir. Há quem passa rápido, veloz, despercebido. Há quem deixa marcas profundas. Há quem simplesmente passa. Há, porém, quem ficará para sempre no coração".
Poesia, uma boa poesia, também é manifestação de cultura. Diga-se de passagem, a melhor delas.
"Toma cuidado para que a velhice não enrugue mais o teu espírito que o teu rosto".
Até a próxima semana – celp@terra.com.br
Profª Teresinha Bellote Chaman