"Não seja como um lago, satisfeito dentro de seus limites; mas como um oceano, procure abrir-se para um horizonte infinito". (Padre Roque Schneider)
O poder da comunicação
"A rápida evolução dos meios de comunicação trouxe benefícios para as pessoas, como a universalidade geográfica e a instantaneidade na transmissão das informações. Porém, há algum tempo, a mídia brasileira está se tornando cada vez mais negativa para seus telespectadores. Ela não está realizando suas funções corretamente e está alienando a população.
As funções da comunicação de massa podem ser divididas em três blocos: função informativa, função cultural e função recreativa. O problema é que está ocorrendo uma desigualdade entre as funções. Enquanto a diversão cresce, as demais estão gradativamente decrescendo. Isso é muito ruim para a sociedade, pois devido à briga pela audiência, os programas estão cada vez mais apelativos e induzem as pessoas ao consumismo e à massificação.
Silvio Santos, dono de uma das maiores redes de comunicação do país disse: "educar o povo é tarefa do governo, a televisão tem o papel de diverti-lo". Com absoluta certeza podemos dizer que o empresário está equivocado. A informação como instrumento de transmissão de cultura deve visar à educação das massas, preparando e estimulando o indivíduo a formar uma mentalidade crítica. É válido lembrar que a mídia está na raiz de toda transformação e mudança social.
Portanto, a função mais válida dos meios de comunicação social é sem dúvida aquela de reforçar e elevar o nível da comunidade humana, eliminando o analfabetismo, propiciando uma visão crítica e ecológica sobre o mundo. Isso não significa que a diversão não deva existir. Ela deve. No entanto, não pode chegar ao nível que chegou, em que a função recreativa impera sobre as demais funções dos meios de comunicação".
Obrigada, Peri Eduardo Mauro, pela colaboração. É de jovens assim determinados que o Brasil precisa. Parabéns.
Jornalismo, literatura e representação. (Nanami Sato 1)
O real não está na saída nem na chegada: ele se dispõe para a gente é no meio da travessia. (Guimarães Rosa)
1. Nos cursos de Jornalismo, costuma-se gastar boa dose de energia para convencer os alunos de que a propalada neutralidade não existe. Alguns arriscam um pouco mais, tentam problematizar as possibilidades de a linguagem em geral – e o relato jornalístico em particular – dar conta do real, atitude um tanto quixotesca se lembrarmos que os limites da discussão foram consideravelmente alargados com a realidade virtual…
Hoje o virtual não só funciona como uma forma de percepção do real, mas também ajuda a dar sentido ao real. Basta lembrar os simuladores de vôo nas cabines dos aviões de caça que permitem ao piloto ver, na tela, imagens simuladas do terreno que sobrevoa acrescida de outra camada de informações: trajetórias, mísseis adversários a evitar, objetivos a atingir (cf. Weissberg, 1996). Mais do que nunca os meios de percepção e representação da realidade estão em questão e colocam em xeque o próprio estatuto do real. Neste texto não se tratará de imagem virtual, mas da linguagem verbal, que não perdeu lugar, a ela somaram-se os outros recursos de apreensão do mundo. Mesmo no âmbito do verbal, impõem-se outros recortes: o objeto de exame aqui é o discurso jornalístico que será contraposto a um certo discurso literário. Antes, é preciso circunscrever um terreno pantanoso: o da conceituação de “real” e das possibilidades da linguagem de representá-lo. Sem entrar nas polêmicas de natureza filosófica, pode-se postular que o mundo, esfera de objetos cognoscível, pode ser concebido como existente em si, fora da atividade do sujeito e como parte de uma dinâmica de ordens sociais gerais e, portanto, históricas. A realidade, mutável e em mutação constante, carrega o princípio de sua própria contradição, desencadeando a transformação constante da história. A linguagem, ao tentar representar o real, funciona como mediadora da relação dialética entre sujeito e mundo real em contínua mudança. E quanto à representação, como entendê-la?
A idéia de representação carrega a de substituição, de reprodução, de figuração. A representação, ato simbólico, dá-se por meio de signos. Numa visão dualista do signo, pode-se dizer que a representação se dissolve no signo, constituído de significante e significado, representante e representado.
1. Professora de Língua Portuguesa da Faculdade Cásper Líbero.
Pode-se ainda afirmar que a representação constitui um fato ou fenômeno de consciência, individual e social, que acompanha, em uma determinada sociedade, tal palavra (ou uma série delas) e tal objeto (ou constelação de objetos). A relação entre representação e mundo representado mostra-se bastante complicada, pois uma coisa ou um conjunto de coisas corresponde a relações que essas coisas encarnam, contendo-as ou velando-as. Em vez de revelar o real, pode-se dizer que a representação, ao dar-lhe suporte, substitui a totalidade e a encarna, em vez de remeter a ela. Mesmo que se postule que a representação revela alguma coisa do real, é preciso ter em mente as condições em que ela emerge. Basta lembrar que o autor já carrega em si certos implícitos de representação; o resultado, a representação, constitui, portanto, uma criação destinada a um ou mais receptores. A vocação da notícia é representar o referente, o que torna a notícia, em princípio, verificável. Ao exigir-se do jornalista o uso da terceira pessoa que garantiria formalmente a impessoalidade do discurso, tem-se como resultado um discurso esvaziado, que acaba por ocultar o processo social que possibilitou a notícia.
O “apagamento” das marcas do sujeito tem como resultado um efeito de objetividade, pois o peso dado ao referente externo cria a ilusão de sua autonomia, de uma existência independente da linguagem. O efeito de objetividade “faz confundir a história enquanto processo com o acontecimento enquanto espetáculo” (Baccega: 1991: 126).
"O grande embate de nossos tempos é a Miséria. E não se diga que ela é invencível". (Don Élder Câmara).
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Profª Teresinha Bellote Chaman