Araraquara viveu, nesta semana, dias de tensão e destruição causados por duas microexplosões. A primeira, no sábado (1) e durou cerca de uma hora. A segunda, mais curta — apenas 20 minutos na segunda-feira (3) —, mostrou-se ainda mais devastadora. Segundo a Defesa Civil, o volume de chuva foi equivalente ao do primeiro evento, mas concentrado em um intervalo muito menor de tempo.
Fenômenos climáticos dessa intensidade não são mero acaso. Araraquara, como tantas outras cidades brasileiras, – Américo Brasiliense, por exemplo – estão colhendo o que plantaram. A expansão urbana desordenada, a destruição de áreas verdes, o avanço dos condomínios sobre o que antes era mata, tais fatores hoje estão cobrando seu preço.
Os últimos governos municipais falharam em planejar o crescimento da cidade de forma sustentável. Não houve compromisso efetivo com o meio ambiente, nem políticas de preservação do entorno natural. Até mesmo as árvores que um dia foram símbolo do orgulho araraquarense — e fizeram da cidade uma das mais arborizadas do país — hoje são lembranças de um tempo em que a gestão pública respeitava o equilíbrio ecológico e cuidava com carinho da manutenção das mesmas.
O resultado é visível e alarmante. As chuvas intensas encontram uma cidade impermeável, sem áreas de drenagem, sem sombra e sem preparo. A cada temporal, cresce o risco de tragédias, prejuízos e perdas irreparáveis.
Araraquara precisa retomar o debate sobre sustentabilidade e exigir responsabilidade ambiental de seus governantes. O futuro não se constrói com discursos, mas com planejamento, reflorestamento urbano e respeito à natureza.
