Doença está associada a maior presença do pólen no ar e atinge mais crianças que adultos
Para além das flores que colorem e dão vida às paisagens, é na primavera que o ar fica com uma concentração maior do pólen. Esse elemento é fundamental para a natureza e é constituído de minúsculos grãos, encontrados nas anteras das flores. A função primária do pólen é a fecundação das flores.
Mas, ele também é fundamental para as abelhas, que o coletam e o levam para as colmeias. Lá, o pólen vira alimento para esses insetos, sendo essencial para o desenvolvimento de suas as crias e produção da famosa geleia real.
Contudo, para além das funções cruciais do pólen para a natureza, há o lado prejudicial para o ser humano. Isso porque o pólen é um poderoso agente alérgeno, associado a reações alérgicas importantes, como a conjuntivite primaveril.
Conjuntivite primaveril atinge mais crianças que adultos
Segundo a oftalmologista infantil, Dra. Marcela Barreira, especialista em estrabismo e Chefe do Serviço de Neuroftalmologia do Banco de Olhos de Sorocaba (BOS), a conjuntivite primaveril é um dos tipos de conjuntivite alérgica.
“A conjuntivite primaveril se caracteriza por uma inflamação na conjuntiva, tecido que reveste a parte da frente do globo ocular. Em alguns casos, pode evoluir para a córnea, levando o nome de ceratoconjuntivite”, explica Dra. Marcela.
“O desencadeamento da conjuntivite primaveril pode ocorrer quando a criança está em ambientes ao ar livre, especialmente em locais com bastante vegetação. O pólen fica mais concentrado no ar durante a primavera, especialmente em dias em que a umidade do ar está mais baixa. Portanto, o risco de desenvolver essa alergia ocular é maior nessa estação do ano”, comenta a especialista.
Reação exagerada
O contato com o pólen leva a uma reação exagerada do organismo, que ativa o sistema imunológico para combater o “invasor”. Com isso, liberam-se substâncias inflamatórias que resultam na conjuntivite primaveril.
“As crianças são as principais vítimas da conjuntivite primaveril, devido à imaturidade do sistema imunológico. Adicionalmente, pessoas que são atópicas também correm mais risco de desenvolver esse tipo de conjuntivite do que a população em geral”, aponta Dra. Marcela.
Coceira intensa nos olhos é o principal sintoma
“Acima de tudo é importante destacar que os sintomas das conjuntivites costumam ser muito semelhantes. Por outro lado, as formas alérgicas não causam a produção de secreção purulenta. Nesses casos, a secreção costuma ser esbranquiçada, porém mais abundante”, diz a oftalmologista.
Em geral, os sinais e sintomas são:
- Vermelhidão intensa na conjuntiva;
- Coceira intensa e persistente;
- Ardência;
- Sensação de areia nos olhos;
- Sensibilidade à luz.
Adicionalmente, há um importante diferencial da conjuntivite alérgica: a sua duração. Enquanto as conjuntivites infecciosas costumam melhorar em cerca de 7 a 14 dias, as conjuntivites alérgicas podem durar meses ou semanas. Por essa razão, o tratamento costuma ser mais longo.
Vale ressaltar que a conjuntivite primaveril e demais formas alérgicas não são contagiosas. Portanto, a criança não precisa ser afastada de suas atividades.
Tratamento envolve medicamentos e mudança de hábitos
O tratamento da conjuntivite primaveril envolve o uso de antialérgicos orais ou em forma de colírios. Para além disso, é crucial evitar coçar os olhos, embora possa ser uma missão impossível durante um quadro dessa alergia.
“Infelizmente, a fricção constante nos olhos pode causar lesões na córnea, como úlceras e até mesmo uma perfuração. Também aumenta o risco de a criança desenvolver o ceratocone, doença grave que pode levar à perda da visão”, finaliza Dra. Marcela.
Dicas para aliviar os sintomas
- A primeira dica é procurar um oftalmologista infantil na presença dos sinais e sintomas;
- Os pais não devem usar colírios nas crianças sem a prescrição médica;
- O oftalmologista pode prescrever colírios lubrificantes ou de lágrimas artificiais para aliviar os sintomas;
- Um recomendação crucial é evitar expor a criança a ambientes ao ar livre, já que o pólen é mais abundante nesses lugares;
- Em dias mais secos, é indicado usar umidificadores de ar em casa para manter uma boa qualidade do ar;
- Para aliviar a fotofobia, providencie óculos de sol para a criança;
- Compressas frias ao longo do dia podem ajudar no alívio da coceira;
- Também é importante usar compressas frias para remover as secreções acumuladas.
(Leda Sangiorgio – Assessoria de Imprensa)
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