Marilene Volpatti
Encarar uma pessoa invejosa de nosso relacionamento não é fácil. Receber suas agulhadas por nossas virtudes é mais difícil ainda.
Fomos criados ouvindo de pais, mestres e avós que sendo bonzinhos e esforçados conquistaríamos o respeito e a admiração dos outros.
Ao crescer percebemos que essas qualidades despertam hostilidade e não admiração, principalmente nos indivíduos que não conseguiram controlar seus impulsos agressivos, na formação de seu caráter. Para essas pessoas não é fácil renunciar a prazeres imediatos, pois tudo tem seu tempo sua hora.
Quem vence os obstáculos interiores torna-se uma criatura melhor e portadora de qualidades inquestionáveis, o que leva a incomodar profundamente os que não se conformam de ter perdido a oportunidade do crescimento e amadurecimento interior.
Os invejosos desfilam como seres superiores e indiferentes às questões morais, mas, na realidade sentem-se humilhados pelas qualidades que gostariam de possuir e não conseguem adquiri-las. Sentindo-se inferiorizados, reagem ao duro golpe na sua cultivada vaidade jogando pedras nos virtuosos.
Essas pedradas são jogadas sutilmente para não denunciar a inveja, o orgulho ferido e não deixar escapar a admiração que sentem por aqueles que – sabem disso – são melhores do que eles.
O invejoso admira tanto o invejado que não suporta a superioridade dele.
Admiração
Quem já sentiu na pele a inveja sabe o quanto é doloroso, principalmente vindo de uma pessoa que gostaria de receber amor. Por isso que derruba.
Foram anos de esforços na construção de um bom caráter, de dedicação a estudos e a conquista de ética na vida. Fomos educados para recebermos admiração e não inveja como recompensa.
É muito chato para um filho perceber que suas qualidades despertam emoções contraditórias no pai. Em muitos casos a admiração se transforma em amor e em motivo de orgulho, mas também pode ser uma fonte geradora de inveja, se o pai não estiver preparado para ser perdedor quando comparado à evolução do filho. O mesmo sucede entre mãe e filha, cuja relação se complica quando a admiração dá origem à inveja. Por exemplo: a mãe não aceita a juventude da filha e passa a disputar maneiras de se vestir e namorados da menina. Não consegue enxergar o quanto está sendo ridícula no contexto. A filha por sua vez fica perdida e não acredita no que está acontecendo com a genitora. “Minha mãe, minha rival?”, questiona-se.
Rivais eternos
As maiores agulhadas e indiretas são dadas entre irmãos que são eternos rivais. O mesmo acontece entre marido e mulher, relações sociais e profissionais. É praticamente impossível uma pessoa se destacar por suas virtudes e competência sem despertar a hostilidade invejosa.
“Quando percebi que minha irmã se comia de inveja porque consegui através de muito esforço, galgar uma posição melhor que ela na vida, cheguei até a me desiquilibrar emocionalmente. Fiquei um bom tempo sem confiar nas pessoas. Fechei-me dentro de mim mesmo e sofri muito, até entender que por ter conseguido a posição tão sonhada não poderia ter um castigo desse. Hoje, mais maduro, não permito que pessoa alguma, seja quem for, interfira na minha postura diante da vida”, confessou Ronaldo, 42, empresário.
No mundo de culto a beleza em que estamos vivendo, dá para imaginar o quanto devem sofrer rapazes e meninas bonitas, especialmente se junto a beleza vier, também, a inteligência e a formação moral sólida! É um Deus nos acuda, de tanta inveja que cai em cima. Com certeza devem resolver a situação cortando alguns atributos até entenderem que a inveja precisa destruir a quem a sente e não a quem é invejado.
Tudo isso é inevitável e muito triste na sociedade imatura em que vivemos.
Para podermos ter condições de entender, teríamos que ter sido criados e alertados por uma educação mais sincera e realista. Que nos prevenisse a respeito do lado escuro do ser humano e nos preparasse para receber os golpes baixos com amortecedores daqueles que premiamos com nosso carinho.
Serviço
Consultoria: Drª Tereza P. Mendes – Psicoterapeuta Corporal – Fone:- 236-9225.