Violência

Em 2004, foram registrados 16.382 milhões de óbitos de adolescentes entre 10 e 19 anos, sendo que 66% tiveram morte violenta. Chamam a atenção os homicídios entre jovens: cresceu 29% desde 1996 e estima-se que 70% dos óbitos não esclarecidos foram causados por algum tipo de violência. Os números foram divulgados na abertura do III Seminário Violência e Juventude, promovido pela Faculdade de Saúde Pública da USP.

De acordo com a coordenadora do Centro de Referência do Jovem e do Adolescente de Araraquara, a pisicopedagoga Sônia Maria Molan Gaban, vários fatores estimulam essa violência. “Na adolescência se desenvolve a personalidade e, em alguns casos, o contexto não favorece. Então, o adolescente idealiza seu projeto de vida e se frustra ao deparar com uma sociedade sem emprego”.

Etapa da vida

A psicóloga Gabriela Chakur explica que o jovem se envolve com a violência porque ele também é violentado. Diz que existe hoje uma quantidade muito grande de jovens envolvidos com brigas nas escolas e que resolvem suas desavenças com a agressão física. “Isso é um sintoma da própria sociedade que está mais violenta”.

Silvia Maria Arcuri é psiquiatra do Centro: “os jovens buscam desafios, por isso abusam de bebidas alcoólicas e da velocidade. Eles não têm a maturidade para perceber as conseqüências desse comportamento. Assim, deve-se amadurecer a capacidade de inibir impulsos ligados a acidentes e à violência em geral”.

Consumismo

Sônia afirma que um dos fatores que leva o jovem à violência é o modelo econômico consumista. “Sempre existe o desejo por algum produto e o problema está em não possuir controle sobre isso. Vemos pessoas que roubam e matam para satisfazer um desejo de consumo”, sublinha.

Silvia assevera que “os adolescentes são mais vulneráveis às propagandas já que sua consciência critica é menor por estar em fase de amadurecimento”.

Educação e limites

As especialistas do Centro de Referência afirmam que a educação, com limites cristalinos, são fundamentais para a formação dos jovens e adolescentes.

Para a psiquiatra Silvia, a ausência de limites faz o jovem ficar perdido. “Na história da educação tivemos um tempo em que se pensava que a repressão era prejudicial, mas, hoje percebemos que os limites favorecem a criança se sentir segura”.

A psicóloga Gabriela lembra, no entanto, que isso não significa usar a violência contra a criança.

A coordenadora Sônia afirma que a falta de referência deixa o jovem mais vulnerável, mais susceptível à violência. “A frustração é importante para formação do indivíduo. A primeira escola é a família e é ela que deve ensinar a lidar com a agressividade e controlar desejos. O jovem repete o modelo de relação que estabeleceu em sua casa. A violência é, pois, conseqüência da sociedade em que se vive, com seus estímulos e valores”, finaliza.

Assistência

O Centro de Referência do Jovem e do Adolescente é uma proposta da Secretaria de Saúde de Araraquara, oferecendo equipe de psicólogo, psiquiatra, psicopedagogo, fonoaudiólogo, pediatra, terapeuta ocupacional e ginecologista para atendimento multidisciplinar de jovens entre 10 e 24 anos. Aprendem a se posicionar como parte de uma sociedade onde cada um tem direitos e deveres.

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