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Vera Botta (*)

Bons ares de setembro: primavera na cultura

A chuva veio mansa, gostosa para refrescar a secura do ar e oxigenar nossos pulmões, nossas vidas. Ao amanhecer, hoje (dia 11) exatamente dois anos após o terrível desastre das torres do World Trade Center, dei graças a Deus. Pelas bênçãos todas que recebemos e que passam, muitas vezes, despercebidas. E as flores me disseram bom dia, sorrindo, como a agradecer o indescritível prazer do afago, a sensação boa e energizante de serem naturalmente regadas.

Passei uma semana difícil, entre expectativas angustiantes, indignações e uma tristeza por constatar, mais uma vez, que o mundo deixa espaço para atos mesquinhos, individualistas, para acusações injustas e pouco construtivas. A política nos põe, cara a cara, com facetas pouco solidárias dos seres humanos. E nos dá paradoxalmente a oportunidade privilegiada de intervir, de querer lutar, quando tantos outros já cruzaram os braços ou já foram eliminados da caminhada. E neste balanço não muito racional, senti que é sempre possível inventar formas de celebração à vida! O encanto e a magia da grama molhada, dos pingos da chuva me deram uma boa sacudida!

Por que não abrir as janelas do nosso peito e deixar entrar a esperança? E, de repente, não mais que de repente, lembrei-me de que daqui a dois dias, Gustavo, meu maior presente da primavera fará 32 anos, Viva a vida! Há boas novas na área da cultura em nossa Morada!!

O tempo do lamento é passado.

Havia um tempo em que lamentava-se a falta de um lugar institucional para a cultura. Criticava-se um paralelismo cultural que criava fronteiras quase intransponíveis entre o pensar e o fazer cultural. A FUNDART bem que tentou, na gestão Massafera. Discutiu seu projeto e sua regulamentação com grupos de diferentes linguagens artística. Havia uma pedra no meio do caminho. A cultura, inserida na Secretaria Municipal de Educação, Cultura, Esporte e Lazer era tratada como propriedade de alguns. Como se as coisas públicas pudessem ter donos…e o poder é tão passageiro!!!

A boa sementeira

A cultura conquistou um lugar. Por direito, não por favor. Foram derrubados preconceitos e abertos espaços tidos como intocáveis e sagrados. Superamos uma espécie de “engessamento” administrativo pautado por um paralelismo de gestão e provocado por uma estrutura enferrujada e viciada. A máquina vem sendo lubrificada através da participação cidadã e do engajamento no processo de democratização da cultura.

O organograma da cultura está cada vez mais lapidado. Temos, enfim, uma Secretaria da Cultura, uma Fundação Cultural e seu Conselho, projetos dinâmicos e funcionários dedicados. Temos posto em ação mudanças. Nas frentes abertas com as Oficinas Culturais, nos programas dirigidos à Terceira Idade – Feliz Idade – nas Ruas de Cultura e de Lazer nos bairros, na valorização do Contando Estórias, na revitalização da Biblioteca, na absorção de muitos e muitos jovens da periferia, a cultura abriu-se aos cidadãos… A cidadania cultural está pronta? É claro que não! Há muito por fazer. Não adianta chorar o leite derramado! E lamentar que Araraquara teve durante 10 anos uma Lei de Incentivos à Cultura engavetada!!! O programa de apoio à cultura foi criado em nossa cidade! Está sendo divulgado??? Mais do que Projetos de Lei, precisamos é alimentar cotidianamente o princípio de cidadania cultural…

Desafios é que não faltam

A criação da Escola Municipal de Dança “Iracema Nogueira” foi polêmica e precedida de muitos debates!! Bem-vindos! A comunidade artística movimentou-se além dos espetáculos. Debates aqueceram a concepção dos rumos necessários à democratização da cultura. Passado um tempo, os frutos da Escola Municipal de Dança têm nos dado lições de vida. Crianças pobres têm saboreado o prazer de dançar, de sentir, de viver, sem serem afastadas por olhares discriminadores que insistem em escolher quem tem ou não acesso às portas das artes…

A cidadania cultural não se constrói com promessas

O debate aceso pela criação da Escola Municipal de Dança “Iracema Nogueira” teve saldos positivos. Na demanda por fóruns permanentes com as diferentes linguagens artísticas, no clamor de vozes inquietas, iniciou-se o movimento pela constituição do Conselho Municipal de Cultura. Hoje, quase realidade. O tão esperado Conselho, de caráter deliberativo, colocado na perspectiva da construção de uma política para a cultura baseada na participação democrática e pluralista será apresentado no próximo dia 16, às 16hs. Com uma ampla composição de mais de 30 membros. Tal formato garante representatividade? Será operacional? A experiência dirá…

Com os instrumentos de gestão devidamente colocados na estrutura administrativa da Prefeitura, vem o mais difícil: fazê-los funcionar de maneira efetiva e harmônica, gerando um tipo de ação cultural que potencialize a democratização da cultura e a participação de todos na criação e nos processos culturais. A trajetória bem sucedida da FUNDART com a Secretaria Municipal de Cultura tem potencializado o fazer cultural, o que não pode ser descartado, no estilo da tradicional política de “terra arrasada”. O desafio está em juntar esforços e em entoar, em conjunto, uma nova canção que nos traga o sol da Primavera!

A Coluna fica por aqui! Todo debate vale a pena, se a alma não é pequena! Atenção para o Seminário dos Servidores Municipais que ocorre neste sábado, no Paratodos. E a Câmara discute na segunda-feira (15), a composição da próxima legislatura, atuação parlamentar e gastos públicos! Sem nada esconder! Com as portas abertas à população! Boa semana a todos. Até a próxima!!!

(*) É pesquisadora da Uniara e vereadora pelo PT.

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