Vera Botta (*)
A primavera está no ar: bem vinda seja!
A primavera sugere novos aromas, vontade de mudança, de renovação. Talvez pela possibilidade do florescer nos abrir caminhos para o reencontro de nós mesmos, de nossos sonhos, de nossas lutas. Talvez porque a primavera suscite, por si mesma, lembranças alegres, de crianças brincando com um presente que chegou inesperadamente, mas que era há muito esperado. Talvez porque a Primavera sinalize para ações educativas, preventivas de enfrentamento à violência, de maior paz e tranqüilidade.
O que esta primavera nos reserva?
Perspectivas de mudança no país? De alimentar esperanças em nosso povo, tão calejado em desilusões e desencontros? Tempo de separar a boa sementeira das ervas daninhas, invasoras que nascem sorrateiramente e proliferam, sem pedir licença. Tempo de florescer sonhos, de reavivar lutas, de semear verdades.
Nossa populacão convive com a fabricação de ilusões que entra em suas casas, porta adentro, usando e abusando dos horários nobres. É tempo de primavera. De renovar nossas forças, nossa vontade política, nossa ousadia de querer construir a cidadania com a verdade, não com políticas do "jeitinho" ou fragmentos da cultura da dádiva que teimam em apostar que o brasileiro gosta de viver de ilusões.
Como Araraquara comemora o início da Primavera?
Com uma passeata pelo Dia Nacional de Luta das Pessoas com Deficiência, dia 21 de setembro. Dia que nos põe, mais uma vez, o desafio de tratar os portadores de deficiência como sujeitos de direito. Hoje, o isolamento desses sujeitos tem outra natureza. Sua exclusão é cotidianamente exercida pela manutenção de formas dissimuladas de eliminação social, pelo aperfeiçoamento de outros tipos de segregação. Talvez haja mais eficiência na discriminação velada, o que nos impõe a tarefa diária de lutarmos por um programa municipal dirigido aos portadores de deficiência pautado por atos de afirmação, por elos de conscientização que envolvam a mobilização de toda sociedade.
Leis existem…muitas não cumpridas
É preciso defendê-las, exigir sua aplicação e, mais do que tudo, fazer da Câmara Municipal, dos meios de comunicação, do Centro de Referência da Cidadania, dos sindicatos, das organizações não-governamentais, canais abertos para a difusão de conhecimentos e informações sobre projetos municipais dirigidos aos portadores de deficiência. Principalmente, a deficiência tem que ser tratada sob a ótica da inclusão social. Não apenas no Dia Nacional de Luta da Pessoa com Deficiência. O poder legislativo, através de um grupo de vereadores (Edmilson, Nascimento, Vera Botta, Idelmo, Chediek) sob a coordenação da Edna Martins deu o sinal de largada no ano passado. Não para fazer desta causa uma escada para sua ascensão política. Foram ouvidas mães, entidades, todos os que, movidos pelo ímpeto guerreiro, pela esperança e pela crença, dedicam parte de suas vidas a lutar pela inclusão dos deficientes. Não bastam discursos bonitos sobre inclusão social. Mais do que palavras ao vento, o Dia Nacional de Luta da Pessoa com Deficiência exige ações.
A esperança dos servidores municipais
Marcando positivamente a entrada da primavera, o Sindicato dos Servidores municipais de Araraquara organizou o I Seminário de discussão do Plano de Cargos Carreira e Salários, a se realizar nos dias 20 e 21 no Hotel Eldorado. Silenciosos, mas combativos, os servidores municipais se propõem, exatamente no dia em que as flores marcam sua posição, a dizer em alto e bom som que um Plano de Cargos, Carreira e Salários tem, por lei e por direito, que sair do papel.
O que se pretende?
Levar o servidor a construir, em conjunto, diagnósticos e propostas sobre a situação por ele vivenciada, sobre a estrutura de cargos e de carreiras da Prefeitura, um plano que vem sendo prometido há mais de uma década.
Nem sempre é fácil separar o joio do trigo quando se fala neste plano. Investir nesta discussão é preciso, desde que ela se faça sob o prisma da ética, do reconhecimento dos direitos, da moralização político-administrativa.
Não podemos lavar as mão e deixar ao sabor do tempo o enfrentamento de questões tão sérias. Não podemos fechar os olhos aos desvios de funções, à falta de explicitação de critérios de promoção, ao insatisfatório investimento na qualificação dos servidores.
De quantas expectativas é feita a primavera que os servidores esperam.
Da garantia de uma avaliação de desempenho sem critérios subjetivos e interesseiros. De conhecerem, de forma transparente, critérios de admissão e de demissão. Há no ar será pela primavera? sinais de que os servidores querem conhecer melhor seu presente e seu futuro.
A decisão do Seminário, louvável em minha avaliação, exige, acima de tudo, compromissos com o princípio de que um plano e uma reforma administrativa para valer exigem mudanças na forma de se pensar e se fazer política.
A Coluna pergunta: qual é o impacto financeiro da implantação do Plano de Cargos, Carreira e Salários? Como tal impacto vai aparecer no orçamento a ser aprovado pela Câmara? Questões que alimentam a necessidade de um debate democrático e transparente.
Termino com uma frase emprestada que tem, para mim, o sentido de renovação: "Podem arrancar uma ou duas flores, mas não nos impedirão a chegada da primavera! Chegue-se a nós. Sinta este momento, especial e único do ano e da vida do país e deixe, na florada desta Primavera, que seus ares de mudança invadam nossos corações e almas. Boa semana a todos! Até a próxima!
(*) É Coordenadora do Mestrado da Uniara e colaboradora do “JA”.